28/Mar/2025

O Banco Central publicou um box nesta quinta-feira (27/03), no Relatório de Política Monetária (RPM), sobre a alta do preço boi gordo e efeito nos preços ao consumidor, mostrando que o valor do boi gordo deve subir e, com isso, o preço da carne ficar pressionada no IPCA. A alta do preço boi gordo desde setembro/2024 foi intensa e está parcialmente associada a elementos de oferta no setor e ajuda a explicar o aumento dos preços das carnes e da alimentação fora do domicílio nos meses seguintes. A perspectiva para a oferta de carne sugere que esses preços ainda devem continuar pressionados neste ano. O patamar elevado e a recente alta da inflação subjacente de serviços têm natureza mais disseminada e podem ser observados em medidas que excluem a alimentação fora do domicílio. Esse processo mais disseminado reflete determinantes mais gerais do processo inflacionário, como inércia, expectativas de inflação futura e o hiato do produto positivo.

Os coeficientes e as defasagens estimados nos modelos da carne bovina e da alimentação fora do domicílio sugerem que a maior parte do impacto da alta do boi gordo ocorrida até o momento já foi repassada para os preços ao consumidor. Essa avaliação é corroborada pela evolução mensal desses dois itens no IPCA. Tanto o preço da carne bovina como o da alimentação fora do domicílio apresentaram variações mais moderadas em janeiro e fevereiro. Prospectivamente, apesar do recuo do preço do boi gordo desde o pico do final de novembro, a perspectiva de reversão do ciclo do boi e o contexto de demanda externa aquecida sugerem oferta doméstica de carne bovina mais contida ao longo deste ano. O Banco Central fez uma série de exercícios para estimar o impacto do preço das carnes para a inflação.

Apesar do recuo do preço do boi gordo desde o pico do final de novembro, a perspectiva de reversão do ciclo do boi e o contexto de demanda externa aquecida sugerem oferta doméstica de carne bovina mais contida ao longo deste ano. Em especial, o Banco Central cita as projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam queda de 5% na produção de carne bovina em 2025 e de 8,5% na disponibilidade interna da proteína, com persistência na alta das exportações. Nesse contexto, conforme a autoridade monetária, o preço do boi gordo deve voltar a subir e os preços das carnes devem continuar pressionados neste ano. Segundo o Questionário Pré-Copom de março, a projeção mediana para a alta de carnes em 2025, no IPCA, é de 9,6%, mesmo após a elevação de 20,8% em 2024. Essa projeção é compatível com nova alta do preço da carne no restante do ano, além do que sugere o padrão sazonal, e se alinha com a perspectiva de oferta mais restrita do boi gordo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.