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24/Apr/2025

Carnes: tarifas dos EUA e impactos na exportação

Segundo o Rabobank, a aplicação de tarifas adicionais pelos Estados Unidos sobre produtos agropecuários está elevando a pressão sobre a competitividade da carne bovina brasileira. Entre todas as carnes, o impacto mais direto recai sobre a bovina. Em frango e suínos, mesmo com a tarifa de 10%, os volumes que o Brasil exporta para os Estados Unidos são realmente pequenos. Mas no caso da carne bovina, os Estados Unidos já são o segundo maior mercado do Brasil, logo após a China. A cota de 65 mil toneladas destinada ao Brasil e a outros países foi ultrapassada já na segunda quinzena de janeiro, o que ativou automaticamente uma tarifa de 26,4% sobre os embarques adicionais.

Em 2024, 71% das exportações brasileiras de carne bovina para os Estados Unidos já estavam sujeitas a essa alíquota. Agora, com o acréscimo de 10%, o custo para entrar no mercado norte-americano ficou ainda mais elevado. A Austrália é apontada como principal concorrente do Brasil. O país tinha acordo de livre comércio com os Estados Unidos e, embora também tenha passado a ser tarifado, a recente desvalorização do dólar australiano deve compensar a nova tarifa. Na prática, isso deve manter a Austrália como principal fornecedora. A carne australiana atende cerca de 90% da demanda dos Estados Unidos por conta da semelhança no padrão racial do rebanho.

Apesar do cenário mais desafiador, o consumo norte-americano segue aquecido. Os dados preliminares do primeiro trimestre mostram um consumidor muito resiliente. Os níveis de demanda estão acima até mesmo do ano passado, que foi o melhor desde 1986. Em março, o Brasil exportou 42 mil toneladas de carne bovina para os Estados Unidos, superando em mais de 10 mil toneladas o recorde anterior registrado em novembro. Esse volume elevado é atribuído também a fatores sazonais. Maio é o mês nacional da carne bovina nos Estados Unidos. Esse tipo de evento tende a aumentar a demanda e pode ter motivado os importadores a anteciparem as compras, especialmente com as tarifas em vigor.

Outras cadeias também podem ser afetadas de forma indireta. No caso da carne suína, o recuo das exportações norte-americanas para a China (com queda de 43% no ano passado) pode abrir espaço para o Brasil. É possível que haja uma realocação dessa demanda chinesa para o Brasil. No mercado de frango, o impacto principal está em nichos específicos. A China ainda depende dos Estados Unidos para material genético. E os Estados Unidos, oferecendo menos cortes de coxa para o mercado externo, abrem uma brecha para o Brasil avançar nesse segmento, que não é tão forte quanto o frango inteiro ou o peito. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.