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24/Apr/2025

Boi: estudo sobre emissão de carbono na pecuária

Um levantamento realizado com apoio da Fapesp por pesquisadoras do Laboratório de Economia, Saúde e Poluição Ambiental (Lespa) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) com base em dados do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG) constatou que a pecuária brasileira emite mais do que o dobro do limite necessário para o País cumprir suas metas ambientais internacionais. Segundo os cálculos realizados a partir dos registros de 2000 e 2020, as emissões do setor foram projetadas em 0,42 a 0,63 gigatonelada de CO2 equivalente (GtCO2e) até 2030, acima do o limite para atender à meta da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), compromisso assumido durante o Acordo de Paris, assinado em 2015, seria de 0,26 GtCO2e. A avaliação usou como base a NDC em vigor até 2024, que prevê a redução das emissões em 43% até 2030 em comparação a 2005.

Contudo, em novembro do ano passado o Brasil atualizou seu compromisso, se propondo a reduzir as emissões líquidas de gases de efeito estufa entre 850 milhões e 1,05 bilhão de toneladas de CO2 equivalente até 2035, o equivalente a uma queda de 59% a 67% na comparação com 2005. Para chegar a esse resultado, foi calculada a taxa média de emissão de CO2 por tonelada de carne produzida no período analisado, chegando ao resultado de 51,86 tonelada de carbono equivalente por tonelada de carne bovina produzida. Esse valor foi projetado sobre as previsões do Ministério da Agricultura para a produção nacional ao longo desta década. O estudo lembra que os dados de emissões utilizados para o gado bovino não abrangem as emissões indiretas ligadas à produção de carne bovina, tal como potencial desmatamento, uso de máquinas e calagem do solo. A pesquisa também buscou quantificar o impacto financeiro das emissões na sociedade por meio de um indicador chamado custo social do carbono (CSC).

A pesquisa avalia impactos não comerciais sobre o meio ambiente e a saúde humana e incorporando consequências, como perdas na agricultura e danos provocados por eventos climáticos extremos. Segundo os cálculos realizados, o potencial de redução de custos varia entre US$ 18,8 bilhões e US$ 42,6 bilhões até 2030 dependendo do cumprimento das metas. Esses custos poderiam ser redirecionados para investimentos em práticas de produção pecuária mais sustentável por meio de políticas públicas e linhas de crédito acessíveis. Sabe-se da importância do setor de carne bovina não só para a economia como para o cardápio dos brasileiros. O objetivo do estudo não é dizer: produzam ou comam menos carne, mas sim trazer uma discussão sobre a forma atual de produção, que vem atrelada ao desmatamento, a altas emissões e sem adotar técnicas sustentáveis. As conclusões mostram que é preciso adotar na cadeia produtiva práticas que mitiguem as emissões. Isso contribui também com a redução dos custos associados às mudanças climáticas. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.