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29/Apr/2025

Boi: Brasil tem produzido carcaça mais pesadas

O Brasil tem se destacado no mercado global de carne bovina. O crescimento do rebanho e da produtividade foi alcançado através da adoção de técnicas de manejo nutricional, sanitário e reprodutivo, que aumentaram a eficiência, permitindo uma produção maior em menor espaço e tempo, resultando em carcaças mais pesadas ao longo dos anos. Em 2024, o Brasil exportou 2,5 milhões de toneladas de carne bovina in natura, volume 26,9% maior do que o embarcado em 2023. Esse resultado consolida 2024 como o melhor ano da exportação de carne bovina nacional. O peso das carcaças acompanhou essa evolução. Nos anos 2000, o peso era de 213,1 Kg, em 2022 passou para 246,8 Kg, um incremento de 15,8% em 22 anos, ou um crescimento de 0,72% ao ano. Em 2024, o peso das carcaças chegou em 299,1 Kg crescimento de 21,2% em relação a 2022 (IBGE).

O abate de bovinos no Brasil inclui machos (bois e novilhos) e fêmeas (vacas e novilhas), sendo que o abate das fêmeas influencia a média do peso das carcaças bovinas. Isso ocorre porque o peso das fêmeas é menor comparado ao dos machos. Consequentemente, quanto mais fêmeas abatidas e menor a média do peso das carcaças. Sazonalmente, isso acontece no primeiro semestre. No entanto, a média anual continua a crescer. O abate de fêmeas concentra-se no primeiro semestre, o que tende a diminuir a média de peso das carcaças nesse período. Dependendo da fase do ciclo pecuário de preços, essa tendência pode se intensificar. O maior abate de fêmeas no primeiro semestre ocorre devido ao descarte de fêmeas diagnosticadas vazias (não prenhes) ao final da estação de monta. Por exemplo, considerando os anos de baixa de 2017 e 2019, os menores pesos médios das carcaças foram observados nos primeiros semestres.

Na fase de baixa de preços em 2018, foram abatidas mais de 8 milhões de cabeças com peso médio de 249,2 Kg. Em 2021, ano de alta do ciclo, foram abatidas aproximadamente 6,92 milhões de cabeças, 13,54% a menos, com peso médio de 269,08 Kg, uma variação de 7,9%. O menor peso da carcaça em 2018, apesar da maior quantidade de cabeças abatidas, se deu porque 42,0% do abate foi de fêmeas. No ano de alta, essa percentagem foi de 33,0%. Em 2024, houve uma produção e abate de fêmeas recorde. No primeiro semestre, o abate de fêmeas foi recorde, resultando em menor peso médio das carcaças. No entanto, no segundo semestre, a média de preços da carcaça foi a maior já registrada para o período. O ciclo de preços, que se confunde com o ciclo de produção, ocorre em intervalos menores de tempo, cerca de 4 a 6 anos.

Quando a oferta de boiadas diminui, a cotação da arroba do boi gordo sobe, assim como os preços da reposição. Com a alta da cotação da reposição, os investimentos na cria e a retenção de fêmeas aumentam, caracterizando a fase de alta. A retenção de fêmeas resulta em maior produção de bezerros, aumentando a oferta e derrubando os preços, caracterizando a fase de baixa. Essa situação provoca o abate de fêmeas, que é causa e consequência dessas flutuações. O incremento de táticas na produção da pecuária de corte nos últimos anos permitiu o melhoramento dos índices zootécnicos, como o maior peso da carcaça. No entanto, a maior participação de fêmeas no abate em determinadas épocas do ano e do ciclo de produção pecuária promove oscilações de peso que, no entanto, tem melhorado apesar dessa característica da produção nacional. Fonte: Alcides Torres. Broadcast Agro.