19/May/2025
O Rio Grande do Sul iniciou no sábado (17/05) a instalação de seis postos fixos de controle sanitário num raio de 10 quilômetros da granja comercial onde foi confirmado o primeiro foco de gripe aviária em sistema produtivo no Brasil. A medida integra o pacote de ações do governo estadual, que inclui a proibição imediata de eventos com aves em todo o Estado e o fechamento do Zoológico de Sapucaia do Sul, onde também foram detectadas mortes de aves silvestres. Segundo o Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), os bloqueios sanitários funcionarão 24 horas e terão como alvo principal os veículos de maior risco de disseminação do vírus H5N1. Serão dedicadas a veículos de interesse, ou seja, de carga animal, com carga de ração ou com carga de transporte de leite.
São aqueles veículos de maior risco que fazem contato de propriedade em propriedade. O foco primário foi identificado na segunda-feira (12/05) em uma granja de matrizes localizada no município de Montenegro, a 80 quilômetros da capital Porto Alegre. Entre as medidas complementares que serão adotadas estão o rastreamento e descarte de todos os ovos férteis que saíram da granja de Montenegro nos últimos 28 dias e a vigilância intensificada nas propriedades localizadas dentro da zona de contenção. Uma segunda granja comercial também foi identificada dentro do raio de 10 quilômetros, mas não apresentou sinais da doença até o momento. Em outra frente, autoridades confirmaram que o Zoológico de Sapucaia do Sul, distante 50 quilômetros do foco inicial, também registrou a morte de 90 aves, principalmente espécies aquáticas como marrecos, patos e cisnes.
Segundo a Secretaria Estadual do Meio Ambiente, o local foi isolado. Todas as equipes que trabalham no zoológico estão recebendo as orientações, tanto da Vigilância Sanitária Animal como da Secretaria da Saúde. Também está sendo feita a análise de água. Diferentemente do protocolo adotado na granja, as aves sobreviventes do zoológico não serão sacrificadas. O governo confirmou que o parque abrigava cerca de 500 aves aquáticas e permanecerá fechado por tempo indeterminado. Como medida preventiva adicional, a Seapi determinou a retirada imediata de todas as aves que estavam presentes na Fenasul Expoleite, feira agropecuária que estava ocorrendo em Esteio até este domingo (18/05). O pavilhão de aves, que estava fechado desde quarta-feira (14/05), tinha 65 aves expostas, que retornaram às propriedades de origem. Um decreto deve ser publicado em breve com a orientação de que aves e pássaros estão proibidos de participar de eventos, exposições e feiras em todo o Rio Grande do Sul, como medida de precaução.
A Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav) lamentou o ocorrido, destacando que o setor estava prestes a retomar o comércio com a China, suspenso desde 2024 por causa de casos de doença de Newcastle. As negociações para reabertura do mercado chinês estavam avançadas, com solicitações já encaminhadas às autoridades daquele país. A Secretaria Estadual de Agricultura manifestou expectativa de uma rápida resolução do problema, com base na experiência adquirida no combate à Newcastle. O governo estadual estima que a situação possa ser normalizada em aproximadamente um mês a 40 dias. O setor avícola do Rio Grande do Sul vinha apresentando crescimento nas exportações mesmo com restrições de importantes mercados, mas o recente caso de gripe aviária em uma granja do Estado reacende dúvidas sobre o futuro das vendas externas.
De janeiro a abril de 2025, as exportações de aves do Estados cresceram 7,3% em volume, totalizando quase 257 mil toneladas, com uma receita de cerca de R$ 460 milhões, alta de 7,9% ante igual período do ano passado. Esses números animavam a indústria, que ainda esperava a reabertura de mercados fechados, como China e Chile, dois dos principais compradores internacionais, que mantêm embargo ao Rio Grande do Sul desde a detecção de um caso da doença de Newcastle no ano passado. O Chile planejava realizar uma auditoria em junho para avaliar a retomada das exportações, enquanto a China poderia anunciar uma possível reabertura em breve, após visita oficial recente. Mesmo com os embargos, o setor vinha mostrando sinais positivos, mas agora é preciso aguardar para entender como o surto de gripe aviária afetará esse cenário.
O impacto nas exportações só poderá ser dimensionado em cerca de dez dias, conforme a evolução da situação e as decisões dos países importadores sobre restrições. Países como China e a União Europeia tendem inicialmente a suspender importações do Estado ou do País, mas já avançam no reconhecimento da regionalização, restringindo as medidas apenas à área afetada e permitindo que o restante continue exportando normalmente. Sobre a possibilidade de novos focos, o risco sempre existe, por isso os procedimentos de controle são rigorosos para garantir a erradicação rápida da doença. Se o caso permanecer isolado e todas as medidas forem adotadas, a situação estará controlada, mas a preocupação é constante. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.