21/May/2025
O Itaú BBA projetou forte queda nas exportações de carne de frango no curto prazo em função da descoberta de um caso de gripe aviária em uma granja comercial do Rio Grande do Sul. Em média, o Brasil exporta mais de US$ 800 milhões por mês em carne de frango. Caso os embargos não sejam rapidamente regionalizados, limitados apenas a um raio de 10 quilômetros do município ou ao estado do Rio Grande do Sul, a receita do setor pode sofrer recuo expressivo. Parte da produção destinada ao exterior poderá ser absorvida pelo mercado interno, pressionando os preços da carne de frango no País e afetando também os mercados de boi, suíno e grãos.
Ainda assim, há fatores que podem mitigar os impactos, como a margem operacional favorável nas empresas do setor e a competitividade do Brasil frente a concorrentes internacionais, que também enfrentam desafios sanitários. A diversificação dos mercados de exportação, com os oito principais compradores perfazendo 58% das vendas em 2024, pode ajudar a mitigar os efeitos negativos no médio prazo. Apesar da gravidade do caso, o Brasil mantém acordos de regionalização com Emirados Árabes, Arábia Saudita e Japão, o que pode evitar bloqueios totais. A contenção da crise depende fortemente da ausência de novos focos. A expectativa é cautelosa com os resultados dos testes em andamento em possíveis novos focos da doença.
A capacidade de resposta das grandes processadoras de carne de frango, que podem redirecionar a produção entre diferentes Estados, também tende a atenuar os efeitos econômicos do episódio. Ainda assim, um eventual prolongamento dos embargos exigirá ajustes rápidos na produção e nas margens do setor. O setor avícola brasileiro conta com margens favoráveis, custos de produção estáveis, especialmente com a perspectiva de queda nos preços do milho. Além disso, a competitividade global do Brasil, líder nas exportações, com 36% do mercado mundial, pode ser um trunfo caso outros exportadores, como Estados Unidos e União Europeia, também enfrentem crises sanitárias.
Segundo o FGV Agro, o caso de gripe aviária no Brasil causa incertezas sobre os impactos reais para a indústria, mas, se o foco registrado em uma granja em Montenegro (RS) for único, a cadeia produtiva poderá redirecionar o produto sem grandes prejuízos. Se for um evento isolado, o Brasil pode, depois de 28 dias sem novos registros, se autodeclarar como livre de gripe aviária. Nesse cenário, os embarques são retomados e o mercado volta à situação anterior. Enquanto isso não ocorre, a produção que não pode ser exportada tende a ser realocada. O frango de determinado tamanho precisa ser abatido. Se não pode exportar, direciona para o mercado interno ou para outros destinos internacionais.
Ambas as opções são viáveis. O impacto sobre preços no curto prazo tende a ser “marginal” e “temporário”, caso o evento seja mesmo isolado. A demanda permanece. Se houver uma suspensão temporária dos embarques, o frango fica no mercado interno, mas, passado o período, o mercado se recompõe. O cenário mais preocupante seria o surgimento de novos focos em diferentes regiões do País. Se houver casos no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e Tocantins, por exemplo, começa a parecer algo sistêmico, uma falha nos protocolos sanitários. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.