22/May/2025
A ocorrência de gripe aviária em granja comercial no Brasil, de imediato, elevou a cautela dos operadores dos setores de carnes e de grãos. Transcorrida uma semana desde o comunicado oficial do Ministério da Agricultura a parceiros e órgãos globais de sanidade animal, o mercado interno da carne de frango não evidencia desarranjo da oferta. Da quinta-feira (15/05), dia anterior à ampla divulgação do caso em Montenegro (RS) e notificação dos primeiros embargos, até a terça-feira (20/05), o frango resfriado no atacado de São Paulo registrou desvalorização de 1%. A justificativa seria o arrefecimento sazonal da demanda no início da segunda quinzena. Por consequência, as negociações de carne bovina e suína, por enquanto, deveriam seguir os fundamentos já habituais de cada setor. Em suínos, de fato, foi mantido o ritmo leve de queda visto desde o início da semana passada, com a carcaça especial suína se desvalorizando 0,5% nos últimos sete dias.
Já o preço da carne bovina registra forte recuo. Em São Paulo, no atacado, a carcaça casada apresenta queda de 3,7% nos últimos sete dias. Também em São Paulo, os preços do boi gordo e da carne bovina vinham em queda, mas os recuos a partir da sexta-feira (16/05) estão mais intensos. Ainda que atacadistas comentem que as vendas da carne bovina estiveram fracas no início desta segunda quinzena, o ritmo de quedas dos cortes e a pressão exercida sobre o boi gordo para abate sinalizam que o mercado pecuário está refletindo de forma exacerbada, já no presente, impactos de eventual aumento da oferta de carne de frango no mercado interno. Cálculo da elasticidade-cruzada das carnes aponta que a redução de 1% do preço do frango resfriado no atacado tende a diminuir em 0,2518% a quantidade de carne bovina demandada.
A ocorrência de gripe aviária de Alta Patogenicidade (HPAI) tem sido registrada às dezenas mundo afora, tanto em frango (avicultura) quanto em outras aves e em mamíferos. No relatório de abril da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) é informada a ocorrência de 59 novos casos da doença na avicultura e de 44 em demais aves e em mamíferos nas Américas, Ásia e Europa no período de outubro de 2024 a abril de 2025. Esses números são considerados “baixos” quando comparados aos seis meses anteriores, tendo em vista a sazonalidade já conhecida da doença na avicultura. No Brasil, o primeiro caso de gripe aviária em aves silvestres foi notificado em maio de 2023 e a avicultura nacional reforçou os protocolos de segurança. Segundo especialistas em sanidade animal, o Brasil desfruta de boa reputação no mercado internacional e, mesmo com medidas rigorosas, é sempre um desafio evitar ocorrência de doença causada por vírus transmissível por aves em geral.
Segundo a Associação Brasileira de Proteína animal (ABPA), em 2024, da produção total de carne frango brasileira, 35% foram exportados para 160 diferentes parceiros comerciais. A China é a maior compradora, mas sua participação se limitou a 11% do volume vendido ao exterior nos primeiros quatro meses de 2025. A União Europeia comprou, nesse mesmo quadrimestre, aproximadamente 5%; os países do Oriente Médio, em conjunto, responderam por cerca de 28% das exportações de carne de frango na parcial do ano. Em relação aos países que impuseram embargo total a carne brasileira, em conjunto, eles receberam 47% do volume exportado em abril deste ano, o que equivale a aproximadamente 200 mil toneladas. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.