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03/Jun/2025

Boi: América do Sul prioriza a exportação de carne

O Rabobank projetou que a produção global de carne bovina vai cair 2% no primeiro trimestre de 2025 ante igual período do ano anterior, e 3% no segundo trimestre. Ainda assim, os volumes globais devem se manter 3% acima da média de 2019 a 2023. Nova Zelândia e Brasil puxam a retração neste início de ano. Na América do Sul, mesmo com a redução da oferta, o foco das indústrias continua sendo o mercado externo. Os quatro principais produtores e exportadores da região (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) deverão reduzir a produção em 2025, com o Brasil respondendo por 63% dessa oferta. O País deve cortar em 500 mil toneladas sua produção neste ano, resultado de um alto abate de fêmeas nos últimos dois anos, incentivado por preços elevados.

Apesar disso, os embarques continuam crescendo, favorecidos pela queda do consumo interno e pela demanda firme, especialmente da China. Em 2024, 76% da carne bovina importada pelo país asiático teve origem na América do Sul. O Brasil foi o maior fornecedor, com 1,34 milhão de toneladas, seguido por Argentina (595 mil toneladas) e Uruguai (244 mil toneladas). O Brasil continuará priorizando as exportações em 2025, mantendo presença nos principais destinos e ampliando acesso a 17 novos mercados abertos entre 2023 e 2024. A retenção de fêmeas deve contribuir para a queda da produção, enquanto o consumo interno, pressionado pelos preços, deve cair entre 6% e 8% no ano. Na Argentina, a produção deve se manter estável mesmo com alto abate de fêmeas (48,5% em 2024).

O consumo per capita local segue entre os mais baixos desde 2019, e as exportações continuam sendo a melhor alternativa para os frigoríficos. No Uruguai, onde o boi gordo é o mais caro da região, a importação de carne de países vizinhos tornou-se uma estratégia para abastecer o mercado interno. Em 2024, foram 59 mil toneladas importadas. As exportações para os Estados Unidos aumentaram 60%, mas a queda de 32% nas vendas para a China puxou uma retração de 2% no volume total exportado, a terceira queda anual consecutiva. O Paraguai ampliou significativamente as exportações para os Estados Unidos em 2024, saltando de 75 toneladas em 2023 para 28 mil toneladas. Apesar da projeção de queda no rebanho e na produção em 2025, o volume exportado deve se manter estável.

Entre 2020 e 2024, a quantidade de carne bovina que um consumidor consegue comprar com um salário-mínimo caiu em todos os países da região. No Brasil, a perda foi de 20%. Com isso, a oferta de carne para exportação tende a crescer, enquanto proteínas mais baratas, como frango, já a mais consumida no Brasil, Argentina e Paraguai, ganham espaço. Mesmo com essa tendência, o apelo cultural da carne bovina continuará forte, com o consumo per capita no Brasil se mantendo acima de 30 Kg/ano. O desafio da indústria será equilibrar os sinais de preços para exportação, a utilização de carcaças e o abastecimento do mercado doméstico, possivelmente com uma maior presença de abate informal para atender à demanda interna. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.