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29/Aug/2025

Carnes: demanda da China por produtos brasileiros

O aumento da produção de carnes pela China em 2025 contribuiu para a redução das compras de frango e suíno do Brasil, mas a dependência da proteína bovina segue elevada. Para o Brasil, o menor apetite chinês tem sido compensado pela diversificação de destinos na exportação de frangos e suínos, mas no caso da carne bovina continua altamente exposto às oscilações do maior importador mundial da proteína. O déficit da China em carne bovina é expressivo. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), considerando produção e consumo interno o saldo deve ser negativo em 3,8 milhões de toneladas neste ano. Para compensar, a China tem reforçado as importações do Brasil: de janeiro a julho, foram embarcadas 790,3 mil toneladas, gerando US$ 4,08 bilhões, avanços de 14,6% em volume e de 33,7% em receita sobre 2024.

O país asiático manteve a liderança, respondendo por 44,5% da receita e 38,5% do volume exportado pelo Brasil. Segundo o Rabobank, a China está aumentando consistentemente sua participação nas exportações brasileiras. Em julho, a China comprou o maior volume da história, 158 mil toneladas da proteína bovina, permitindo que o Brasil superasse pela primeira vez a marca de 300 mil toneladas exportadas em um único mês. Para a StoneX, esse movimento pode indicar mudança na estratégia de compras. Historicamente, a China sempre comprou mais carne bovina no segundo semestre, especialmente entre outubro e dezembro, por causa do Ano Novo Lunar. Só que este ano, a China comprou já no primeiro semestre.

A dúvida é se estão estocando ou se a demanda vai seguir firme. Isso ainda não dá para afirmar. A avaliação é que o país pode estar ampliando estoques diante da expectativa de alta nos preços da proteína brasileira, em função da mudança no ciclo pecuário. O fluxo robusto, porém, enfrenta riscos. O governo chinês conduz uma investigação sobre as importações de carne bovina entre 2019 e 2024, período em que as compras cresceram 106%. Para 2026, o risco aumenta, já que a projeção é de preços mais altos para a carne bovina, o que pode estimular a China a aplicar medidas de contenção. A exposição brasileira aos movimentos chineses é clara. Na carne bovina, a China responde por mais de 50% das compras todos os meses; então qualquer mudança tem impacto direto no Brasil.

Para a carne de frango, os dados mais recentes do USDA projetam produção chinesa de 15,5 milhões de toneladas em 2025, praticamente igual ao consumo interno. A China vem praticamente se auto abastecendo. Como consequência, as importações do Brasil diminuíram. Esse movimento já vinha acontecendo há pelo menos dois anos, muito por conta do investimento interno. Até julho, a China respondeu por apenas 8% das exportações brasileiras. O surto de gripe aviária no Brasil, que levou à suspensão das importações chinesas no fim de maio, reforçou essa tendência, sobretudo porque o mercado ainda não foi reaberto. Isso pode ter viés estratégico, já que a China aumentou a produção interna. Ainda assim, o Brasil conseguiu compensar a queda.

Julho já teve uma leve recuperação nas exportações, puxada por outros parceiros como Emirados Árabes, Japão e Arábia Saudita. Diferente da carne bovina, o frango tem uma demanda mais diversificada. No geral, o Brasil compensou essa perda com maior presença no Oriente Médio. Como maior exportador do mundo, acessando mais de 160 destinos, o País tem flexibilidade para redirecionar cargas. Na suinocultura, a retração nas compras chinesas também é relevante. Em 2021, a China respondeu por 48% das exportações brasileiras. Em 2022, caiu para 42%; em 2023, para 33%; no ano passado, para 19%; e agora, até julho de 2025, está em 13%. Nesse espaço, as Filipinas avançaram e hoje lideram as compras, com 23% da carne suína exportada pelo Brasil.

O recuo está ligado à recomposição do plantel chinês após o surto de peste suína africana (PSA) no país no fim da década passada. A China fez mudanças estruturais e, apesar de a resposta ter demorado mais que no frango, conseguiu recompor o rebanho. Hoje, a produção já está praticamente no mesmo nível de antes da PSA. As importações chinesas de carne suína se estabilizaram em torno de 1,5 a 2 milhões de toneladas anuais, patamar que deve se manter nos próximos anos. Para 2025, o USDA prevê um déficit de 1,2 milhão de toneladas entre produção e consumo interno. Outros destinos da carne suína do Brasil têm crescido em dois dígitos: Hong Kong, Japão, Chile, Singapura, México e, claro, Filipinas. O mercado global tem favorecido essa diversificação, principalmente pelo preço competitivo e pela biossegurança brasileira. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.