25/Nov/2025
Segundo o Itaú BBA, o setor brasileiro de proteína animal entra no fim de 2025 atravessando um rearranjo simultâneo nos seus principais mercados, combinando oportunidades nos Estados Unidos e na União Europeia com novos riscos vindos da China. A visão é positiva para JBS e Minerva, e a MBRF é destacada como potencial vencedora com a retomada das exportações à União Europeia. Tarifas norte-americanas em queda, prêmio europeu para o frango e investigações chinesas sobre carne bovina formam o pano de fundo de um mercado que se reorganiza rapidamente, e que pode redesenhar margens e fluxos de exportação das empresas brasileiras nos próximos trimestres. A JBS deve se beneficiar de um ambiente estruturalmente apertado na oferta de gado nos Estados Unidos, mesmo com o alívio momentâneo nos preços da carne bovina após o governo norte-americano reduzir tarifas sobre o produto brasileiro.
O movimento, que derrubou em 1% os preços da carne na última semana, faz parte das tentativas do governo norte-americano de conter a inflação de alimentos. Também como efeito colateral, os preços do gado caíram no país, tendência que pode ser reforçada caso se confirme a reabertura da fronteira com o México, melhorando o fluxo de bovinos. Apesar desses ajustes de curto prazo, a disponibilidade de gado nos Estados Unidos permanecerá restrita até 2026, voltando a crescer apenas a partir de 2027. A escassez já provoca ajustes no setor, como o anúncio do fechamento da unidade da Tyson Foods no Nebraska (planta que abatia 5 mil cabeças/dia, cerca de 20% da capacidade da empresa e 4% do setor norte-americano). O fechamento deve redistribuir volumes para outras instalações da Tyson, mas, regionalmente, tende a favorecer a JBS, cuja própria unidade no Nebraska terá menor concorrência por bovinos, abrindo espaço para melhora das margens nos próximos trimestres.
O banco também espera uma recuperação anual na margem Ebitda da operação de carne bovina nos Estados Unidos, reforçada pela base fraca do segundo trimestre de 2025, marcada por perdas de hedge. No segmento de aves, a MBRF deve recuperar um dos mercados mais rentáveis de seu portfólio com a confirmação de que a União Europeia adotará o sistema de pré-listagem para importações. Doze unidades da companhia devem voltar a embarcar para o bloco após sete anos de ausência, reabrindo acesso a um mercado premium marcado por alta demanda por peito de frango, responsável por 70% dos embarques e que tradicionalmente paga prêmio de 8% sobre a média consolidada. O retorno pode adicionar R$ 170 milhões ao Ebitda anual da empresa, considerando incremento de US$ 0,22 por Kg nos preços e volumes próximos de 130 mil toneladas.
Dependendo da região europeia, o prêmio pode chegar a US$ 1,00 por Kg, embora a recomposição total dos volumes pré-proibição deva ocorrer gradualmente. A Minerva, por sua vez, aparece em um cenário dual. No lado positivo, a remoção total das tarifas norte-americanas sobre a carne bovina brasileira, após a suspensão dos últimos 40% na semana passada, devolve ao Brasil vantagem histórica de preços frente a concorrentes como Austrália e Argentina e melhora o potencial de arbitragem entre destinos. Em 2024, os preços pagos pelos Estados Unidos chegaram a ser 9% superiores à média consolidada das exportações brasileiras. O risco, porém, vem da China. As investigações conduzidas por autoridades chinesas sobre exportadores de carne bovina brasileiras devem prosseguir até 26 de novembro, como parte de medidas para proteger a produção local.
Eventuais desdobramentos podem incluir restrições temporárias, redução de crédito a importadores e negociações mais difíceis, um fator relevante dado o peso da China como principal mercado da Minerva e do setor bovino brasileiro como um todo. A combinação pode pressionar volumes e margens, em movimento capaz de contrabalançar parcialmente os ganhos nos Estados Unidos. No balanço geral, o horizonte das proteínas animais brasileiras é marcado por transição: com demanda forte e tarifas caindo nos Estados Unidos, retomada estratégica de mercados premium na Europa, mas também tensões crescentes na China. JBS e Minerva seguem bem-posicionadas nesse ciclo global, enquanto a MBRF ganha uma oportunidade importante de recompor rentabilidade e diversificar destinos à medida que reabre um de seus mercados mais valiosos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.