14/Mai/2020
A China, que parece ter superado a crise de Covid-19, mas que volta a registrar casos de peste suína africana (PSA) no rebanho, segue demandando volumes elevados de carne bovina do Brasil neste ano. O mercado nacional, por sua vez, evidencia ter potencial para atender à aquecida demanda chinesa, tendo a favor a alta competitividade, devido, especialmente, ao custo de produção inferior ao de importantes concorrentes mundiais. Atualmente, o alto patamar do dólar também favorece o preço da tonelada da carne brasileira exportada. Aliado a isso, recentemente, a China embargou a importação de carne bovina de alguns frigoríficos da Austrália, vale lembrar que este país já foi um importante fornecedor de carnes à China, contexto que pode reforçar as compras asiáticas no Brasil nos próximos meses.
Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), considerando-se volumes totais (in natura e industrializada), de janeiro a abril de 2020, os embarques brasileiros de carne bovina somam 548 mil toneladas, um recorde para o período e 1,15% acima do mesmo período de 2019. Apesar da expansão tímida entre os anos, os números chamam a atenção para a evolução das vendas específicas à China. No comparativo entre os dois quadrimestres, os embarques para a China mais que dobraram (cresceram 111,83%), saindo de 96,05 mil toneladas de janeiro a abril de 2019 para 203,47 mil toneladas em 2020. Enquanto as exportações de carne bovina à China no primeiro quadrimestre de 2019 representaram 17,71% do total embarcado pelo Brasil, no mesmo período de 2020 passaram a corresponder por 37,1%.
Diante disso, a China se consolida como o maior destino das vendas brasileiras de carne bovina, posição que, até julho de 2019, era ocupada por Hong Kong, que respondia por cerca de 20% das vendas brasileiras. Em 2020, a participação de Hong Kong nas vendas totais de carne bovina está em 16,67%, totalizando 91,43 mil toneladas (20,14% menos que no mesmo período de 2019, quando 114,48 mil toneladas foram enviadas ao destino asiático). Juntos, Hong Kong e China representaram 53,77% das vendas brasileiras. No ano passado, nesse mesmo período, os dois destinos eram responsáveis por 38,83% de toda a venda do setor. Ressalta-se, no entanto, que as vendas concentradas ao mercado asiático fazem com que o desempenho das exportações totais de carne fique condicionado à demanda dessa região. Ou seja, é extremamente importante que o Brasil ainda reforce as vendas a outros destinos.
Neste caso, destacam-se, neste início de 2020, o crescimento das vendas para a Rússia, que subiu sua participação para 4,59%, com aumento de 42,88% no volume. Por outro lado, houve redução da participação do Irã. No ano passado, o Irã era o quarto maior destino, mas, no acumulado de 2020, reduziu as compras em quase 90% frente ao mesmo período de 2019. As exportações de carne bovina in natura fecharam a primeira semana de maio registrando números surpreendentes. Já foram embarcadas 53,5 mil toneladas em apenas cinco dias úteis. Em termos de embarques diários, a média está em 10,7 mil toneladas, ou seja, o dobro da verificada no mesmo período do ano passado, de 5,65 mil toneladas. Caso esse ritmo se mantenha, os embarques brasileiros de carne bovina podem atingir 200 mil toneladas, um recorde. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.