01/Jul/2021
A BRF pretende zerar o saldo de emissões de gases de efeito estufa de suas operações até 2040. Uma série de investimentos será feita nos próximos anos para atender o compromisso, que envolve as operações globais e todos os elos da cadeia produtiva. A companhia havia anunciado, em dezembro do ano passado, a meta de reduzir em 20% até 2030 suas emissões de gases do efeito estufa nos escopos 1 e 2. Esses escopos compreendem, nesta ordem, as emissões diretas de recursos próprios e controlados pela empresa e as emissões indiretas, que dizem respeito à energia comprada de fornecedores e utilizada nos processos. Esse plano foi revisado nos últimos meses e a meta subiu de 20% para 35% para o mesmo período.
Quanto ao escopo 3, que engloba a cadeia de suprimentos e, por isso, concentra a maior parte da pegada de carbono, a perspectiva é de diminuir em 12,3% as emissões até 2030. O prazo escolhido para a primeira etapa se conecta com a 'Visão 2020-2030', um plano de investimentos robusto para avançar na transformação digital da BRF. Até 2040, a BRF vai neutralizar essas emissões. Uma das principais formas de tornar viável o avanço na agenda de Governança Ambiental, Social e Corporativa (ESG) é a gestão de compra dos grãos utilizados para alimentação animal. Por isso, a BRF pretende chegar até 2025 com 100% de rastreabilidade de grãos nos biomas da Amazônia e do Cerrado, processo que será possível com a utilização de tecnologias como plataformas blockchain e inteligência artificial.
Depois de rastreados, esses produtores deverão cumprir com os critérios de sustentabilidade definidos pela empresa para garantir o posto de fornecedor da indústria. Dentre esses critérios, estão o desmatamento zero na Amazônia, o respeito aos direitos humanos e o uso sustentável da água. A executiva lembra que a empresa vinha anunciando medidas que conversam com a pauta sustentável. Um exemplo disso foi o investimento de R$ 70 milhões para a construção de um centro de distribuição no Espírito Santo, divulgado em junho. A infraestrutura vai contar com processos como energia solar, reaproveitamento de água e frota com zero emissão de carbono. Embora esse seja o primeiro projeto da BRF nesse sentido, a expectativa é expandir o modelo sustentável, apostando inclusive em parcerias com startups que possuam soluções e inovações para agregar no processo de transformação.
O maior desafio para zerar o balanço de emissões é o escopo 3, uma vez que envolve toda a rede de fornecedores da empresa. Para isso, contudo, o plano de ação depende de um engajamento dos produtores, que já está sendo trabalhado pela empresa. A proposta da BRF é apoiá-los nas mudanças necessárias, facilitando investimentos que considera importantes, traçando um ponto de conexão com instituições financeiras e auxiliando do ponto de vista educacional, guiando os que precisarem se regularizar em algum aspecto da produção. A empresa quer mobilizar todos os stakeholders na mesma direção, do produtor integrado ao consumidor. A ideia é que seja possível monitorar os fornecedores, colocando a empresa à disposição para auxiliar no que precisarem para que aquela compra se torne sustentável. Nesse sentido, a empresa lançou o programa de financiamento em parceria com o Banco do Brasil em dezembro de 2020 para financiar a instalação de painéis solares nas granjas integradas.
Na primeira etapa do projeto, que tem duração de 10 anos, são disponibilizados cerca de R$ 200 milhões, com um ano de carência e taxa de 0,64% ao mês aos produtores. Nesse caso, a BRF fez a ponte, mas o contrato é assinado entre o banco e o fornecedor. Os investimentos são necessários para alcançar essas metas, mas a preocupação não está no aspecto financeiro, mas nos efeitos que as ações vão gerar para a cadeia de proteína animal como um todo e para o meio ambiente. Além disso, foi identificado que as melhorias sustentáveis nos processos da BRF também levam a uma melhoria na eficiência produtiva, revertendo para uma produção mais limpa e fluida. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.