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23/Set/2021

Boi: “Vaca Louca” afasta comprador e preço recua

Neste segundo semestre de 2021, os preços do boi gordo vinham operando relativamente firmes no mercado nacional até o início de setembro, quando notícias indicaram dois casos atípicos de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), ou “mal da vaca louca”. O anúncio acabou travando as negociações envolvendo bois para abate, especialmente nas primeiras semanas deste mês. Diante das incertezas geradas pelo anúncio de EEB e da consequente suspensão dos envios de carne brasileira à China, o maior destino internacional da proteína, agentes de mercado estão afastados das aquisições de novos lotes para abate, resultando em queda das cotações. Assim, enquanto entre julho e agosto o preço do boi gordo em São Paulo operou entre R$ 310,00 e R$ 320,00 por arroba, agora em setembro, está entre R$ 300,00 e R$ 310,00 por arroba. Inclusive, o preço chegou a ficar abaixo dos R$ 300,00 por arroba neste mês.

No dia 15 de setembro, o preço médio do boi gordo em São Paulo foi de R$ 295,00 por arroba, o menor patamar nominal desde 25 de janeiro deste ano, quando esteve em R$ 294,95 por arroba. No acumulado da parcial deste mês, o preço médio registra queda de 4,08%, a R$ 300,60 por arroba. Em julho, o preço médio teve pequena alta de 0,43%, e em agosto, recuo de 2%. Apesar de os envios de carne bovina à China ainda estarem suspensos, as exportações brasileiras em setembro seguem em ritmo intenso, o que, por sua vez, acaba limitando quedas mais intensas nos preços internos do boi gordo. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que, até a terceira semana de setembro, o Brasil já exportou 130,52 mil toneladas de proteína bovina in natura, com média diária de 10,876 mil toneladas. Este volume já se aproxima do total escoado em setembro do ano passado, de 142 mil toneladas. Caso o ritmo atual seja mantido, as vendas externas podem somar mais de 200 mil toneladas, um recorde.

Além disso, a oferta de novos lotes de bovinos segue baixa na maior parte das regiões pecuárias do Brasil. Dados divulgados recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) evidenciam esse contexto. De abril a junho de 2021, o volume total de bovinos abatidos foi de 7,75 milhões de cabeças, o menor desde 2011 quando considerado o segundo trimestre. Em relação ao mesmo período do ano passado, a queda é de 3,09%. O volume abatido no primeiro semestre deste ano foi o menor desde 2009. Neste caso, é importante ressaltar que as condições das pastagens estão ruins diante do clima desfavorável desde o ano passado e dos elevados custos de produção, especialmente devido ao forte encarecimento dos insumos de alimentação. No caso das fêmeas, os dados de abate relacionados às vacas adultas chamam a atenção. Foram 1,859 milhão de vacas abatidas no segundo trimestre de 2021, correspondendo por 26,28% do volume total de bovinos abatidos, a maior percentagem desde 2002, quando esteve em 22,8%.

No acumulado do primeiro semestre, o volume de vacas abatidas soma 3,623 milhões de cabeças, 14,88% a menos do que o do mesmo período de 2020 e a menor quantidade desde 2003 (quando somou 3,362 milhões de cabeças). Isso reforça a tendência observada de pecuarista de reter fêmeas para produção de bezerros. Analisando o montante de fêmeas abatidas (aqui são consideradas vacas e novilhas), o total chegou a 4,999 milhões de cabeças no primeiro semestre, o que representa 36,66% do total de animais abatidos de janeiro a junho. No ano passado, esse número foi de 5,988 milhões de cabeças (41,14% do total). A dificuldade de engorda de bovinos ao longo dos últimos seis a oito meses, devido ao clima desfavorável e aos elevados custos de produção, vem trazendo um impacto na dinâmica de abates no mercado pecuário, com produtores buscando o uso de tecnologia e investindo na retenção de matrizes e reprodução. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.