29/Set/2021
A competição das indústrias pela compra de matéria-prima continuou acirrada durante agosto, contexto que resultou em um novo aumento nos preços do leite ao produtor. O valor do leite captado em agosto e pago ao produtor em setembro registrou alta de 1% em relação ao mês anterior, atingindo R$ 2,3827 por litro na “Média Brasil” líquida (Bahia, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) 2,5% acima da registrada em setembro de 2020, em termos reais (os dados foram deflacionados pelo IPCA de agosto/2021).
Trata-se, também, de um novo recorde real da série histórica do Cepea. Desde o início deste ano, o preço do leite no campo acumula alta real de 6%. O aumento das cotações do leite, no entanto, não tem refletido em maior rentabilidade para o produtor, uma vez que a valorização no campo está atrelada justamente às intensas altas nos custos de produção. O custo operacional efetivo da atividade registra expressivo avanço de 14% desde o início deste ano.
Num contexto de adversidade climática, em que a estiagem prejudica a alimentação volumosa do rebanho, a elevação dos custos de produção, sobretudo dos insumos ligados ao manejo nutricional (como concentrado e suplementação mineral), tem desestimulado investimentos na atividade e, consequentemente, impedido um ajustamento rápido da oferta à demanda. O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) avançou 0,89% de julho para agosto, puxado pelos aumentos no Rio Grande do Sul, de 4,2%, e no Paraná, de 1,6%.
Vale lembrar, no entanto, que, no mesmo período do ano passado, a captação das indústrias havia crescido 3,88% (2,9% a mais que atualmente). Agentes de mercado afirmam que a demanda por lácteos não se recuperou como previsto e que as negociações estão enfraquecidas desde a segunda quinzena de agosto. Com a matéria-prima mais cara e com dificuldades em realizar o repasse da alta no campo ao consumidor, as indústrias de laticínios têm intensificado a concorrência na venda de derivados.
A pressão dos canais de distribuição tem resultado em desvalorização dos lácteos, prejudicado a capacidade de pagamento dos laticínios. Além da demanda enfraquecida, o aumento das importações pode frear o movimento de valorização do leite ao produtor no próximo mês. Porém, tudo irá depender das condições climáticas e do volume de chuvas no período. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.