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29/Set/2021

Boi: retomada da China deverá elevar as cotações

A oferta limitada de gado terminado deve seguir guiando o mercado físico de boi gordo ao longo do segundo semestre, com uma tendência altista para a arroba no médio prazo. Por enquanto, contudo, as negociações ainda refletem os efeitos do embargo às vendas de carne bovina para a China, que paralisou as compras de frigoríficos e estabilizou as cotações do boi gordo em patamares mais baixos do que o esperado para esta época do ano. Segundo o Rabobank, no fim de agosto, a entrada de bois de confinamento no mercado começou a provocar alguma pressão nos preços da arroba, com indústrias aproveitando para alongar escalas de abate e elevar a margem de lucro. Foi justamente neste momento que a notícia dos dois casos atípicos do "mal da vaca louca" no Brasil surgiu e, com ela, a suspensão das exportações de carne bovina para a China.

Houve uma queda consistente nos preços do boi gordo nos primeiros dias, de mais de 2%. Depois desse primeiro recuo, contudo, os preços se mantêm praticamente estáveis, porém com tendência baixista. A suspensão para a China é muito negativa, mas inevitável por causa do acordo comercial entre os dois países, que prevê a interrupção da comercialização em caso de identificação de riscos à saúde animal. Em maio de 2019, quando outro caso atípico do "mal da vaca louca" foi identificado, foram 13 dias de embargo. Neste ano, porém, já são quase 30 dias, o que eleva as preocupações quanto ao silêncio da China, mesmo após a classificação dos casos como atípicos, isto é, sem risco de contaminação. As expectativas para a retomada das compras chinesas ainda são positivas, mas não há uma previsão prática de quando isso vai ocorrer.

Mas, os benefícios estão para o lado do Brasil. Isso porque cerca de 38% do que a China importa vem do Brasil, o maior exportador para os chineses. Além disso, existe o fator competitividade. Depois do Brasil, o maior mercado da proteína bovina é a Argentina, que está com os embarques restritos até o fim de outubro. Brasil, Argentina e Uruguai são os países com as carnes mais baratas. Se a China quiser manter a suspensão, assumirá que vai pagar mais caro para importar de outros países. Vale observar, entretanto, o comportamento dos preços da carne bovina no mercado doméstico chinês. De acordo com dados do Rabobank, desde 1º de setembro, os chineses viram uma alta de 2% nas cotações, mas depois de a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) ter atestado que os casos brasileiros eram atípicos, houve redução nos preços na China.

Se fosse um cenário mais negativo, o impacto nos preços do mercado interno seria sentido de forma mais rápida. O Itaú BBA compartilha da mesma visão. A China não tem uma alternativa de fornecimento à altura do Brasil em termos de volume de carne bovina disponível, especialmente com as restrições que ainda vigoram na Argentina. É baseado nisso que o mercado aguarda um retorno dos chineses em breve. O feriado comemorado na China na semana passada pode ter atrasado a regularização das negociações. Outra questão importante é a sazonalidade do segundo semestre, que costuma ser um momento em que o gigante asiático eleva as compras de carne bovina, de forma a antecipar as preparações para o feriado do Ano-Novo Chinês.

A tendência é de que haja uma recuperação, no mês de outubro, dos volumes que deixaram de ser exportados em setembro. Mas, a preocupação é quanto à velocidade com que a China vai conseguir recuperar esse volume importado, em razão da baixa disponibilidade de contêineres e o consequente aumento do preço do frete marítimo. Essas questões podem afetar a capacidade de exportação de algumas regiões e gerar acúmulo de estoques. No Brasil, a perspectiva é de que, assim que as relações com a China forem restabelecidas, os preços do mercado físico de boi gordo e da carne bovina no atacado e no varejo engatem em um movimento de recuperação até o fim do ano. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.