14/Out/2021
O brasileiro que deixou de consumir carne bovina por causa do preço elevado e migrou para proteínas mais baratas deverá ter uma infeliz surpresa nos próximos meses. O aumento da demanda por ovos e carnes de frango e suína e dos custos de produção tendem a impulsionar as cotações desses alimentos nos próximos meses. O Grupo Mantiqueira, maior produtor de ovos da América do Sul, estima que os preços dos ovos poderão subir de 15% a 20% nos próximos 12 meses. Os valores do milho e do farelo de soja subiram fortemente e criaram um quadro delicado para a cadeia produtiva. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP), no caso das carnes suína e de frango, é difícil projetar os preços futuros porque o mercado é bastante dinâmico. No entanto, a tendência é de cotações elevadas, acima dos patamares de antes da pandemia. A carne bovina, por sua vez, poderá continuar a perder espaço no prato do brasileiro.
A redução da oferta de gado encareceu a proteína, que muitas famílias deixaram de consumir por causa de sua perda de poder aquisitivo. Em São Paulo, no atacado, os preços médios dos cortes do dianteiro bovino, como acém e cupim, subiram 82% entre setembro de 2019 e o mês passado, enquanto a carne do quarto traseiro, como filé mignon e picanha, ficou 53% mais cara nesse intervalo. No varejo, os acréscimos foram de 59% e 32%, respectivamente, o que demonstra que os ajustes nas gôndolas foram limitados pela demanda mais fraca. No caso das carnes suína e de frango, a demanda está em expansão. Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), neste ano, o consumo per capita desses itens deverá crescer 5% e 1,5% em relação ao ano passado, respectivamente. Mas, isso não significa que as proteínas mais acessíveis também não estão se valorizando. No mesmo período de comparação, a carcaça suína especial subiu 41% no atacado e o frango inteiro, 93%.
No varejo, a cotação da carne de frango avançou 80% e os cortes do suíno subiram de 36% a 67%. Com custos de produção mais altos, a indústria pressiona por novos repasses ao consumidor. De modo geral, a continuidade do auxílio emergencial ou a criação de um novo programa de transferência de renda tendem a sustentar o consumo das carnes de frango e suína. Além disso, a demanda internacional deve seguir firme, com o plantel chinês de suínos ainda em recomposição. A China produzia 54 milhões de toneladas de carne suína antes do surto de peste suína africana (PSA), em 2018. Agora, a produção local gira em torno de 42 milhões a 44 milhões de toneladas. Quando a China conseguir retomar esse nível produtivo, mais pessoas terão entrado na linha de consumo. O consumo de ovos também vem aumentando ano a ano e deve chegar a 255 unidades por pessoa em 2021, número 1,6% maior que o do ano anterior. O ovo vem se tornando a principal opção de proteína para muitas famílias pobres. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.