21/Out/2021
Depois de destacar o aumento das relações com a China, seu principal parceiro comercial, o Brasil conclamou o governo chinês a fazer progressos em várias áreas, incluindo nas condições para suas exportações de carne bovina para a China, que estão no momento suspensas. Durante o exame da política comercial da China, que começou nesta quarta-feira (20/10) na Organização Mundial do Comércio (OMC), o embaixador brasileiro observou que desde o início de 2019, o Brasil e a China concluíram uma série de acordos sobre questões sanitárias e fitossanitárias, inclusive para a exportação de carne bovina termoprocessada do Brasil. No entanto, o País acredita que é possível fazer mais progressos nesta área, como por exemplo no reconhecimento pela China do status do Brasil como livre de febre aftosa, e como um país de ‘risco insignificante’ para a Encefalopatia Espongiforme Bovina (“mal da vaca louca”), bem como na assinatura de protocolos para a exportação de proteína de soja, milho, gengibre e outros produtos agrícolas.
No dia 4 de setembro, seguindo um protocolo sanitário entre os dois países, o Brasil suspendeu voluntariamente suas vendas ao mercado chinês após a confirmação de dois casos atípicos do “mal da vaca louca”, em Mato Grosso e Minas Gerais. Ainda que as vendas tenham sido paralisadas por decisão do governo brasileiro, cabe à China determinar o fim do embargo. A paralisação das exportações brasileiras de carne à China completou 46 dias nesta quarta-feira (20/10). A China é o maior parceiro comercial do Brasil. Em 2009, tornou-se o maior mercado de exportação do Brasil; em 2012, a principal fonte de bens importados do Brasil. O comércio bilateral Brasil-China atingiu um recorde de US$ 102,6 bilhões em 2020, com um superávit de US$ 33 bilhões para o Brasil. Entre janeiro e agosto deste ano, o comércio bilateral com a China alcançou US$ 93,8 bilhões, um aumento de 35% em comparação com o mesmo período do ano passado. As exportações de carne bovina do Brasil para a China aumentaram 74% em volume em 2020, para um valor de US$ 4 bilhões.
O Brasil é agora o principal fornecedor de carne bovina da China. Também continua a ser a principal fonte de soja da China, fornecendo 63% das importações chinesas desse produto. O minério de ferro e o óleo cru também são itens importantes em nossas exportações para a China. O Brasil, por sua vez, importa uma grande variedade de produtos manufaturados da China. Além das questões sanitárias e fitossanitárias, o Brasil avalia que outros tópicos importantes que continuam a exigir atenção. A grande maioria das exportações brasileiras para a China ainda é composta por commodities. As exportações brasileiras para outros mercados, como a América Latina, os Estados Unidos e a União Europeia, mostram uma participação muito maior de produtos industriais. A composição das exportações brasileiras para a China não reflete a diversificação da economia brasileira. Há necessidade de expansão e diversificação mais equilibrada dos fluxos comerciais bilaterais. A relação entre o Brasil e a China continua a se expandir além do comércio.
Dados do Ministério da Economia apontam a China como o segundo maior investidor estrangeiro no Brasil de 2003 até o terceiro trimestre de 2019. A China é a principal fonte externa de investimento no Programa de Parcerias de Investimento do Brasil, sendo agora responsável por cerca de 25% de todo o investimento estrangeiro potencial contemplado no programa. O investimento chinês tem sido direcionado principalmente para energia elétrica, extração de petróleo, transporte, telecomunicação e serviços financeiros. Ao mesmo tempo, algumas importantes empresas brasileiras investiram na China, em setores que incluem mineração, bancos, processamento de carne, aeronaves e construção civil. O representante brasileiro mencionou o relatório da secretaria da OMC usado no exame da política comercial chinesa, como o que chamou de alguns desenvolvimentos positivos nos últimos anos.
O número de medidas restritivas no acesso ao investimento estrangeiro foi reduzido de 63 em 2017 para 33 em 2020. A média simples da taxa de importação aplicada na China diminuiu para 7,1% em 2021, com reduções tarifárias em quase todas as categorias de produtos. Algumas medidas de liberalização foram tomadas no setor de mineração para permitir maior participação estrangeira, e a China continuou a liberalizar seu setor financeiro. No entanto, a OMC não conseguiu ter uma visão clara sobre os subsídios que o governo chinês fornece a diferentes setores e indústrias, pela falta de notificação por parte do governo chinês. O Brasil incentivou a China a atualizar suas notificações, inclusive no que diz respeito ao apoio doméstico agrícola. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.