21/Out/2021
Os preços do boi gordo e da carne bovina seguem em queda no mercado brasileiro. No entanto, os valores da arroba do boi para abate recuam de forma um pouco mais intensa que os da proteína negociada no atacado. Diante disso, a carne no atacado passou a ser negociada a valores acima dos observados para o boi gordo, cenário que não era verificado desde agosto do ano passado. Na parcial de outubro, enquanto o preço médio do boi gordo em São Paulo registra média de R$ 276,43 por arroba, a carcaça casada é comercializada no atacado de São Paulo a R$ 288,45 por arroba, ou seja, com vantagem de R$ 12,02 por arroba para a proteína.
Em setembro de 2021, o boi gordo era negociado a R$ 1,90 por arroba acima da carne no atacado, e em outubro de 2020, a vantagem do boi gordo sobre a proteína era de R$ 5,24 por arroba. Todos os cálculos foram realizados com as médias mensais deflacionadas pelo IGP-DI de setembro/2021. Em agosto de 2020, até então, última vez que a carne bovina havia apresentado vantagem sobre o boi gordo, a diferença era de R$ 4,55 por arroba, com o boi gordo a R$ 291,36 por arroba e a carne a R$ 295,91 por arroba.
Aqui vale lembrar que, entre o final de 2016 e agosto do ano passado, a carne foi negociada a valores acima dos registrados para o boi gordo, tendo em vista que a oferta de boi estava superior ao que se verifica atualmente, o consumo interno estava fraco, e as compras chinesas ainda não ocorriam de forma tão intensa como o que se foi observado ao longo de 2021. Nesta parcial de outubro, o preço médio do boi gordo em São Paulo está 8,48% inferior ao preço de setembro e 12,3% abaixo da verificada há um ano, em termos reais.
No caso da carne bovina, a média deste mês está 3,9% abaixo da de setembro/2021 e 6,91% inferior à média de outubro de 2020. No acumulado deste ano (de dezembro/2020 a outubro/2021), as baixas são de 9,8% para o boi gordo e de 4,9% para a carne bovina, ou seja, novamente, a desvalorização do boi gordo supera a verificada para a carne. No caso do boi gordo, as cotações têm sido pressionadas pelo afastamento de grande parte dos compradores. Esses agentes evitam adquirir grandes lotes, diante da manutenção da suspensão dos envios de carne à China, o maior destino internacional da proteína brasileira.
Além disso, a oferta de bovinos de confinamento tem crescido nas últimas semanas, reforçando o movimento de queda nos preços. Ressalta-se que esse cenário vem reduzindo as margens de pecuaristas, sobretudo os que utilizam o sistema de confinamentos, que apresentam custos bastante elevados. Quanto à carne negociada no atacado, o aumento na oferta de bovinos se soma ao poder de compra fragilizado da maior parte da população brasileira.
Quanto ao mercado externo, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a terceira semana de outubro, as exportações de carne bovina in natura somaram apenas 45,69 mil toneladas, bem abaixo das mais de 187 mil toneladas embarcadas no mês anterior. Os envios diários registram média baixa, de 4,56 mil toneladas. Caso esse ritmo se mantenha até o encerramento deste mês, as vendas externas totalizariam volume abaixo de 100 mil toneladas mensais, o que não é registrado desde junho de 2018. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.