04/Nov/2021
A suspensão dos envios de carne bovina para a China há dois meses reduziu com força o volume de proteína in natura exportado pelo Brasil em outubro. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), foram embarcadas apenas 82,18 mil toneladas de carne bovina no mês passado. Trata-se da quantidade mais baixa desde junho de 2018, quando foram escoadas pelo País 54,4 mil toneladas de carne in natura. Vale lembrar que, no encerramento de maio de 2018, uma greve de caminhoneiros impediu que cargas saíssem dos frigoríficos e entrassem nos portos, limitando com força os embarques de junho daquele ano. O volume exportado em outubro de 2021 ficou expressivos 56% abaixo do registrado no mês anterior e 49% inferior ao de outubro/2020 (quando somou 162,8 mil toneladas de carne in natura).
Além disso, é a primeira vez em pouco mais de três anos que as exportações brasileiras de carne bovina ficam abaixo de 100 mil toneladas. O País vinha embarcando volume acima desse patamar desde justamente julho de 2018, e esse ritmo aquecido das vendas externas vinha mantendo firme a demanda por novos lotes de animais para abate por parte de frigoríficos exportadores. Agentes do setor já tinham expectativa de queda nos envios externos de outubro, tendo em vista que a China é o maior destino internacional da carne brasileira. No entanto, a manutenção dessa suspensão vem agravando as preocupações de toda a cadeia e já gera prejuízos. Agentes acreditavam em rápida retomada dos envios à China, fundamentados na baixa oferta mundial da proteína e na consequente dependência do país asiático da proteína brasileira.
Além disso, geralmente, a China tende a intensificar as compras de carne bovina nos últimos meses do ano, devido ao aquecimento da demanda por carne naquele país nas primeiras semanas do ano, em decorrência de comemorações do Ano Novo Chinês. No entanto, esse cenário não tem sido verificado, e os preços internos do boi gordo caem com força. Além da menor demanda por novos lotes para abate, observa-se entrada de bovinos de confinamento no mercado spot e fraca demanda doméstica por carne. Assim, em outubro, o preço médio do boi gordo em São Paulo recuou 11,83%, encerrando o mês a R$ 257,10 por arroba. No dia 28 de outubro, o preço médio chegou a R$ 254,10 por arroba, o menor valor nominal desde o início de outubro de 2020. Esse contexto evidencia a importância de o setor pecuário nacional buscar novos parceiros comerciais, para que toda a cadeia não seja prejudicada por eventuais saídas de grandes players, como o que se verifica atualmente.
A receita com as exportações brasileiras também caiu em outubro, somando US$ 424,62 milhões, 60,7% a menos que no mês anterior, 38,51% inferior à de outubro do ano passado e a menor desde julho de 2019. Neste caso, na comparação anual, a receita não caiu na mesma intensidade que o volume, tendo em vista que o preço se manteve relativamente firme, a US$ 5.166,50 por tonelada, 10,77% abaixo do preço de setembro/2021, mas ainda 21,72% acima do de outubro/2020, sinalizando a boa valorização que a carne nacional obteve ao longo dos últimos 12 meses. Os maiores preços médios ao longo deste ano somados à desvalorização do Real frente ao dólar possibilitaram aumento na receita em Reais em 2021. De janeiro a outubro, o setor exportador pecuário arrecadou R$ 37,25 bilhões, alta de 22,86% em relação ao mesmo período de 2020. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.