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17/Nov/2021

Lácteos: Brasil realiza a 1ª exportação para China

A China recebeu no início deste mês a primeira carga de produtos lácteos brasileiros da história. Dois anos depois da consolidação da abertura do mercado, com a habilitação das plantas do Brasil para exportação, a Central Cooperativa Gaúcha Ltda (CCGL) encaminhou um pequeno volume de leite em pó por via área, de Guarulhos (SP) para Xangai, no dia 5 de novembro. Emblemático, o negócio pode começar a abrir as portas de um dos maiores mercados consumidores de lácteos do planeta, cujas importações estão em franca expansão. Primeiro grupo brasileiro a buscar habilitação para exportar à China, a CCGL usará essa venda para tentar expandir os negócios no país asiático, onde já tem marca registrada. A importação foi realizada por uma empresa parceira da cooperativa, que agora vai fazer o trabalho de correspondente comercial para divulgar e vender os produtos do Rio Grande do Sul. Mais dois contêineres de leite em pó já estão negociados e devem ser enviados em breve.

A carga exportada incluiu leite em pó integral, leite em pó desnatado e leite em pó zero lactose, item que exige aplicação de muita tecnologia e pode ser interessante para o público chinês. Segundo a cooperativa, o objetivo da primeira exportação é ter o produto na China para trabalhar comercialmente. Foi aberto um canal com o maior mercado consumidor do mundo. O valor da negociação não foi revelado. Os laticínios brasileiros começaram a ser habilitados em 2019 para exportar para a China, mas a certificação estava acordada com o país asiático desde 2007. Atualmente, 33 empresas têm o aval para comercializar com a China. Para viabilizar a venda, a CCGL precisou se adequar às burocracias e exigências sanitárias da China, que exigiram paciência e investimentos em manejo, registro, acompanhamento e rastreabilidade. A cooperativa tem 3,5 mil produtores fornecedores e capacidade instalada de processamento de 3,2 milhões de litros diários na planta de Cruz Alta (RS).

Cerca de 60% do volume de 1,7 milhão de litros de leite recebidos diariamente pela central de 30 cooperativas filiadas vêm de propriedades certificadas pelo programa Leite Mais Saudável como livres de tuberculose e brucelose. Os produtos enviados para a China são oriundos desses produtores. Também foram superadas exigências sanitárias para comprovar a ausência de contaminantes nos produtos nacionais comuns em lácteos de outros países. É preciso rastrear o produto desde a propriedade, com o nome do produtor, e todo o processamento dentro da indústria. A CCGL teve que identificar explicitamente e individualmente os produtos nos documentos de exportação, o que é trabalhoso e complicado. O objetivo é tornar a produção conhecida e confiável para eliminar alguns requisitos nos próximos embarques. Em grandes volumes vai ser muito complicado, são adequações que ao longo da evolução do processo terão que acontecer. A CCGL já exportava para a Argélia e outros países da África.

As vendas externas são uma opção para corrigir distorções de mercado, dada a sazonalidade da produção e dos preços internos. É bom exportar porque o mercado interno está travado, algumas exportações se fazem necessárias para tirar a pressão sobre estoques. Os preços acertados da carga destinada à China foram similares aos do mercado interno. É um primeiro passo para que outras empresas se adequem e procurem parceiros comerciais. A Associação Brasileira de Laticínios (Viva Lácteos) ainda não tem uma estimativa do potencial das exportações à China, mas diz que outras empresas estão prospectando negócios. A meta é conseguir um desempenho semelhante ao alcançado na Rússia, cujo mercado foi aberto em 2014. Hoje, quatro contêineres são enviados por mês para a Rússia, com produtos de alto valor agregado. O produto brasileiro está conquistando o gosto dos consumidores estrangeiros aos poucos. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.