26/Nov/2021
Os investidores globais abrigados na Fairr Initiative (que detêm ativos de no mínimo US$ 45 trilhões) estão olhando de maneira crítica para os sistemas alimentares no mundo. A redução das emissões de gases do efeito estufa no sistema alimentar deveria estar no foco central das atenções, embora a energia, novamente, tenha sido prioridade na COP-26. A expectativa é de que na próxima Conferência do Clima, no ano que vem, no Egito, a agropecuária e suas emissões sejam prioridade e o Brasil tem toda condição de ser o protagonista. Grandes companhias brasileiras de carne bovina, como JBS e Marfrig, se comprometeram a reduzir suas emissões, o que é muito positivo. A Fairr Initiative elabora anualmente o Fairr Index, que analisa os aspectos de governança, social e ambiental (ESG) das 60 maiores empresas produtoras de proteína animal do mundo. O próximo índice Fairr será publicado no início de dezembro.
O Fairr Index ainda mostra dados inconsistentes das empresas de proteína animal. Os investidores não conseguem bases de comparação a partir dos dados apresentados, que são díspares entre uma empresa e outra. É preciso padronizar os relatórios apresentados pelas companhias. As melhores práticas têm que ser instituídas. Se forem avaliados os riscos e as oportunidades do setor de proteína animal para redução das emissões, é um choque pensar que este setor agropecuário não tem recebido maior atenção. Para isso, é necessário um foco mais colaborativo para o setor de proteína animal. É necessário olhar a cadeia produtiva como um todo para reduzir emissões em proteína animal. É preciso lembrar que 45%, até 65% do preço da carne está na soja, pois os animais (bovinos, suínos e aves) são alimentados com farelo de soja e milho. Por isso, a cadeia produtiva tem de ser mais proativa para reduzir emissões.
O setor agropecuário vai correr muitos riscos se não se adiantar na mitigação e redução dos gases do efeito estufa. Por isso, é necessário que os investidores tenham acesso a bons dados das empresas produtoras de proteína animal, com transparência. Em todas as 60 empresas que o Fairr avalia, há divulgações inconsistentes e incompletas, principalmente em relação às suas emissões reais. Algumas poucas empresas divulgam dados de emissão de metano, por exemplo, e isso é uma notícia ruim. De outro lado, pode-se elogiar as iniciativas de empresas como JBS, BRF e Marfrig, que estão investindo no desenvolvimento de formas alternativas de proteína, com base em plantas, e não em carnes. Essas companhias estão aproveitando o mercado de proteína vegetal e isso é muito positivo. Para tanto, existe a necessidade de mecanismos regulatórios para apoiar as novas proteínas, inclusive a carne cultivada. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.