14/Dez/2021
Após as gigantes de alimentos BRF e JBS anunciarem neste ano investimentos em carne cultivada, chegou a vez da Ambi Real Food se lançar no mercado como a primeira startup de carne de laboratório do Brasil. Fundada em Porto Alegre (RS) em setembro, a empresa de seis funcionários já desenvolveu um protótipo de hambúrguer bovino. Embora esse mercado seja ainda incipiente no País, estudo da consultoria norte-americana AT Kearney projeta que até 2040 esse tipo de carne produzida a partir de células deve ocupar 35% do mercado global de proteínas, uma fatia de US$ 630 bilhões. Diferentemente da BRF e da JBS, que apostaram em startups estrangeiras, a Ambi Real Food já nasce com tecnologia brasileira, a partir da experiência da Núcleo Vitro, empresa de biotecnologia fundada em 2019. O princípio é o mesmo, utilizar células isoladas de bovinos para ter um produto com o mesmo sabor, textura e nutrientes da carne convencional, porém sem o abate animal.
Mas cada empresa acaba desenvolvendo as suas particularidades e questões de propriedade intelectual, segundo Bibiana Matte, de 29 anos, fundadora da Ambi Real Food e da Núcleo Vitro. A produção da carne cultivada não leva antibióticos e começa com a obtenção de uma amostra de células de alta qualidade de animais, por exemplo por meio de uma biópsia. Depois, essas células são cultivadas em laboratório, sem modificação genética. Para o desenvolvimento da tecnologia no Brasil, a Ambi Real Food recebeu aporte inicial de R$ 200 mil, após vencer edital do programa Techfuturo da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs). A foodtech (startup de alimentos) também realiza investimentos próprios e participa de iniciativas como o HackBrazil, programa de aceleração junto ao MIT.
Mesmo com o protótipo de hambúrguer bovino pronto, a foodtech ainda não tem estimativa de quando o produto chegará ao mercado. Por se tratar de tecnologia nova, esbarra em custos e na falta de marcos regulatórios. De acordo com o The Good Food Institute (GFI), em 2020 os investimentos globais em carne cultivada bateram recorde, totalizando US$ 360 milhões, o que é seis vezes o levantado em 2019. Já existem ao menos 70 startups no setor em 10 países, focadas em insumos, serviços ou produtos finais. Gustavo Guadagnini, presidente do GFI Brasil, salienta que é preciso formar um ecossistema de apoio para que novas iniciativas possam prosperar. O Brasil é líder mundial na exportação de carne bovina. Em carne cultivada, porém, nosso País ainda está atrás, segundo ele. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.