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13/Set/2022

Leite: recuperação da oferta no segundo semestre

A indústria de leite longa vida espera que a produção de leite cru nas fazendas cresça entre 5% e 8% neste segundo semestre do ano, em relação aos 12,6 bilhões de litros do mesmo período de 2021. Agentes da cadeia acreditam que o aumento de oferta da matéria-prima no campo deverá contribuir para a reversão da forte alta de preços de lácteos, que tem ajudado a pressionar a inflação no País nos últimos meses. Depois de subir mais de 25% em julho, o leite longa vida recuou 1,78% em agosto, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado no dia 9 de setembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O leite foi a principal influência para a desaceleração da inflação de alimentos no mês, embora, no ano, a alta acumulada do longa vida chegue a 74%. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Lácteos Longa Vida (ABLV), que responde por 90% do mercado de leite UHT no País, se a captação de leite mantiver o ritmo de crescimento dos últimos três meses, o Brasil poderá recuperar o volume de 1 bilhão de litros que produziu a menos entre janeiro e junho. A entidade está atenta ao índice de captação dos laticínios elaborado mensalmente pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/ Esalq/USP).

O indicador mudou de direção em maio, após uma sequência de quedas desde dezembro passado. Em julho, o dado mais recente, o indicador teve alta de 6,34% sobre o mês anterior. Se concretizada a projeção da indústria para o segundo semestre, o País chegará ao fim do ano com a mesma produção acumulada de 2021, pouco mais que 25 bilhões de litros, de acordo com o IBGE. Segundo o Cepea, a alta de preços pagos ao produtor de leite nos últimos três meses contribuiu para que o pecuarista investisse mais na produção, elevando a oferta de leite. Além disso, a partir de meados do ano o clima fica mais favorável para os pastos e tem início a safra na Região Sul.

A alta dos valores pagos ao produtor e o recuo dos preços de insumos como o milho, o principal, usado na ração animal, melhoraram o poder de compra do pecuarista: se no primeiro trimestre do ano o produtor precisava de 45 litros de leite para comprar 1 saca de 60 Kg de milho, a média entre julho e agosto baixou para 24,4 litros para compra de 1 saca de 60 Kg de milho. A maior oferta de leite cru no campo começa a trazer reflexos à cadeia, inclusive para as vendas dos laticínios aos canais de distribuição no atacado, ainda em meio a um consumo fragilizado por causa da perda de poder de compra da população.

Apesar da retomada gradual da renda familiar, com o aumento da população ocupada e entrada dos programas de auxílio governamentais, o consumo foi limitado pelos altos preços dos lácteos no varejo, que atingiram seu pico no início de julho e já recuaram cerca de 30% nos últimos 60 dias. O leite UHT e a muçarela caíram mais de 10% no atacado de São Paulo entre os dias 15 de julho e 15 de agosto. A tendência é de inversão da sequência de altas ao consumidor. Mas, a queda pode ser menos intensa que a alta.

A análise do Cepea chega até o atacado e, portanto, não monitora o comportamento do varejo, que pode ou não demorar a refletir baixas. O recuo de preços tende a ocorrer mais rapidamente em produtos como o leite UHT, e tardar mais em itens de maior valor agregado, adquiridos por consumidores com maior poder aquisitivo. A volatilidade no campo preocupa a longo prazo. O patamar de preços de insumos ainda é alto. A maior oferta de leite, seguida de baixa de preços pagos ao produtor, cria uma dinâmica que pode desestimulá-lo. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.