13/Jun/2023
Todos sabem que o leite é um alimento nutricionalmente rico e importante na dieta dos humanos. Entretanto, um estudo recente caracterizou a contribuição global do leite fluido na nutrição humana e no suprimento de nutrientes. Esta matéria destaca alguns pontos do artigo publicado por White e Gleason (2023) que consideraram os dados globais disponibilizados pela FAO. Os autores calcularam a demanda de nutrientes da população mundial de acordo com o requerimento nutricional ajustado considerando a idade e gênero, enquanto o suprimento de nutrientes foi determinado pela produção de nutrientes digestíveis a partir da agropecuária. Deste modo, a demanda da população foi comparada com o suprimento, a fim de estimar a proporção dos requerimentos atendidos exclusivamente pelo leite.
O suprimento de nutrientes não é sinônimo do consumo de nutrientes, pois ocorrem mudanças associadas ao processamento dos alimentos, combinação com outros produtos (leite e farinha para fazer um bolo) e até mesmo o percentual do alimento que é perdido/desperdiçado. O leite provê “sozinho” cálcio para atender 35% a 40% das exigências da população, 25% da demanda de aminoácidos e mais de 50% das necessidades de riboflavina e vitamina B12. Estes dados referem-se aos nutrientes produzidos/disponíveis, mas não necessariamente os nutrientes atualmente consumidos. Globalmente, são estimadas que 3,5 bilhões de pessoas estão sob risco de deficiência de cálcio e o consumo sub ótimo desde micromineral está associado a ocorrência de doenças como a osteoporose, hipertensão, arteriosclerose entre outras.
Deste modo aumentar o consumo de lácteos está entre as opções para aumentar as ingestões globais de cálcio e ajudar a prevenir a ocorrência destas doenças. Em relação as vitaminas, a vitamina B2 (Riboflavina) tem sido estudado quanto ao seu papel na prevenção de doenças como o câncer, além de anemia e enxaqueca, enquanto a deficiência da vitamina B12 (Cobalamina) está associada a menores níveis de hemoglobina (responsável pelo transporte de oxigênio no sangue) e de plaquetas (relacionada a coagulação sanguínea, controle de sangramentos). Mais da metade da exigência nutricional mundial destes compostos pode ser suprida pela quantidade provida pelo leite. Os autores também avaliaram a densidade nutricional do leite em relação a outros alimentos.
Esta métrica considera o quanto um alimento provê de nutrientes em relação a sua densidade energéticas (calorias). O leite está entre os alimentos mais concentrados, ou seja, tem uma alta proporção de diversos aminoácidos, cálcio, vitaminas B12 e B2 em relação ao seu valor calórico. Deste modo, o consumo de leite com vistas ao suprimento destes nutrientes não apresenta o risco de excesso de consumo de energia. Melhorar o acesso/abastecimento de leite globalmente (uma vez que o consumo de lácteos principalmente na África e Ásia é limitado e a incidência de pessoas intolerantes a lactose é maior nestas populações) é um caminho para aumentar a disponibilidade destes nutrientes para uma população global crescente. Fonte: MilkPoint. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.