01/Aug/2023
Ansiosamente aguardado por todo o setor avícola, o comunicado do Ministério da Agricultura do dia 28 de julho, trazendo o resultado das negociações com as autoridades sanitárias japonesas superou as melhores expectativas. Não porque os embargos existentes já tenham sido levantados, mas pelo formato do acordo firmado. A meta original do Ministério da Agricultura era estender, não só ao Japão, mas também aos demais importadores dos produtos avícolas brasileiros (carne de frango, ovos e material genético), o modelo de regionalização formalizado com o Reino Unido.
Que em essência prevê, na eventualidade de ocorrência de caso de gripe aviária na avicultura comercial, o embargo apenas ao Estado onde tenha ocorrido o registro. Porém, o acordo com o Japão foi mais além. Pois, pelo protocolo reajustado, doravante um embargo (se vier a ocorrer) terá aplicação no âmbito municipal, ou seja, não se estende a todo o Estado onde ocorreu foco da doença, ficando restrito, exclusivamente, ao município afetado.
Em outras palavras, se isso estivesse valendo há pouco mais de um mês, os embargos parciais impostos pelo Japão a produtos avícolas brasileiros estariam restritos aos municípios de Serra e Maracajá e não ao Espírito Santo e Santa Catarina, Estados-sede dos dois municípios, respectivamente. Assim, agora é aguardar para o próximo mês a reversão dos embargos existentes, já que, pelos padrões sanitários japoneses, ocorrências do gênero somente são suspensas quatro semanas após o foco ter sido considerado encerrado. Vencida essa etapa, agora é avançar para que o modelo aprovado pelo Japão, e que, na verdade, não é inédito, seja adotado por outros importadores.
Pela atualização do Ministério da Agricultura divulgada no dia 30 de julho às 19 horas, os casos de IAAP em território brasileiro totalizam agora 74 (sete a mais que os confirmados uma semana antes, em 23 de julho), todos eles permanecendo restritos, exclusivamente, a aves selvagens. A maior parte dos registros (54 focos, quase três quartos do total) continua envolvendo três dos quatro Estados da Região Sudeste: Espírito Santo, com 29 casos; Rio de Janeiro, com 15 casos; e São Paulo, agora com 10 casos, o mais recente deles confirmado no último dia 26 e envolvendo novamente o município de Santos (SP).
Mas, o maior aumento de confirmações na semana passada ocorreu em Santa Catarina: 5 dos 7 novos casos. Ou seja: após registrar, até 23 de julho, apenas 2 ocorrências (um deles envolvendo criação de subsistência), uma semana depois Santa Catarina chegou a 7 casos: em São Francisco do Sul (segundo caso), Itapoá, Navegantes, Joinville e Penha. No Paraná, há 8 focos. É provável que aumente significativamente a detecção de novos focos de IAAP não só em Santa Catarina, mas também em outros Estados. Não que esteja ocorrendo maior disseminação do vírus, a prevenção é que vem sendo intensificada. E isto possibilita a detecção precoce de novos focos.
Infelizmente, tudo indica que a maioria das aves silvestres (e até mesmo alguns mamíferos) tornaram-se hospedeiros, silenciosos ou não, do vírus de alta patogenicidade da Influenza Aviária. Assim, continua sendo primordial detectar o mais cedo possível essa presença, para adoção imediata de rigorosas medidas sanitárias em torno dos focos confirmados. É a única forma de preservar não apenas a avicultura comercial, mas também outras espécies avícolas. Fonte: AviSite. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.