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16/Aug/2023

JBS divulga os resultados do 2º trimestre de 2023

A JBS registrou prejuízo líquido de R$ 263,6 milhões no segundo trimestre de 2023, ante um lucro líquido de R$ 3,9 bilhões contabilizado em igual período do ano passado. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado no período de abril a junho somou R$ 4,5 bilhões, 56,9% menor do que no segundo trimestre de 2022. A margem Ebitda ajustado foi de 5%, contra 11,2% um ano atrás. A receita líquida caiu 3% na mesma base de comparação, totalizando R$ 89,4 bilhões, ante R$ 92,2 bilhões há um ano. Apesar de ter registrado prejuízo líquido no segundo trimestre de 2023, ante um lucro líquido de R$ 3,9 bilhões um ano antes, a JBS conseguiu mais que dobrar (+106,7%) seu Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado entre o primeiro e o segundo trimestres deste ano, saindo de R$ 2,162 bilhões ao fim de março para R$ 4,470 bilhões no fim de junho. A companhia também conseguiu reduzir o prejuízo, que havia sido maior no primeiro trimestre, de R$ 1,452 bilhão.

A margem Ebitda ajustado evoluiu no período, de 2,5% para 5%, ainda que esteja distante dos 11,2% de um ano atrás. O cenário do último trimestre foi muito diferente do segundo trimestre do ano passado, daí a queda nos resultados. Há um ano, o consumo global ainda era influenciado pelos reflexos da pandemia de Covid-19, que levava consumidores a gastarem mais com produtos e alimentos utilizados dentro de casa do que com refeições na rua, em serviços ou viagens. Havia ainda estímulos governamentais em diversos países. Agora não há mais os estímulos, as pessoas voltaram a gastar com viagens, tem uma inflação que corrói o salário do consumidor e um contexto de juros elevados, principalmente nos Estados Unidos. A indústria se preparou para uma demanda alta, mas hoje não existe mais a mesma demanda. Apesar deste cenário, a receita líquida da companhia recuou apenas 3% entre o segundo trimestre de 2022 e igual período deste ano, para R$ 89,382 bilhões, valor que representou uma evolução de 3,1% em relação ao primeiro trimestre de 2023.

No segundo trimestre houve geração de caixa (o capital de giro melhorou em US$ 355 milhões), investimentos em Capex (R$ 2 bilhões) e praticamente manutenção da dívida em dólar (US$ 16,652 bilhões de dívida líquida, 11,7% acima de igual período do ano passado, com alavancagem de 4,15 vezes (relação entre dívida líquida e Ebitda ajustado) no segundo trimestre de 2023, ante 1,65 vez há um ano. A JBS consumiu no primeiro trimestre R$ 1,2 bilhão de caixa e já gerou no segundo trimestre US$ 355 milhões, tendo um Ebitda ajustado de R$ 903 milhões. Então, a expectativa para os próximos trimestres é alcançar Ebitda que dará geração de caixa no terceiro e quarto trimestres. O mesmo racional vale para os resultados financeiros, houve prejuízo no primeiro e no segundo trimestre, mas a empresa espera ter lucro no terceiro e quarto trimestres.

A alavancagem da JBS (relação entre dívida líquida e Ebitda ajustado) ainda deve aumentar no terceiro trimestre de 2023, em relação ao período equivalente do ano passado, mas depois tende a cair com avanços constantes de Ebitda e geração de caixa ante os números do ano passado. A dívida líquida ficou constante entre o primeiro e o segundo trimestres de 2023, mas a alavancagem subiu, de 3,14 para 3,87 vezes, o que deve ocorrer de novo no terceiro trimestre, porque no terceiro trimestre de 2022 teve um Ebitda de US$ 1,9 bilhão e não deve chegar a esse valor no próximo trimestre. Então, haverá outro aumento de alavancagem no terceiro trimestre e aí a empresa atinge o pico. O quarto trimestre de 2022 já foi desafiador, com Ebitda de US$ 870 milhões, então a empresa deve ter um Ebitda maior (no quarto trimestre de 2023), aí a alavancagem cai, não para os níveis do ano passado, e sim mais para os níveis desse segundo trimestre.

Com a continuidade da geração de caixa sustentada por incrementos de Ebitda nos próximos trimestres, há expectativa de que a alavancagem entre em trajetória de queda no médio prazo. Vai depender das margens nos próximos dois anos. Mesmo com margens abaixo da média histórica, é possível, ao fim de 2025, chegar a um indicador de alavancagem de 2,5 vezes e margens médias de 6% e 6,5%, o que é bem abaixo da média dos últimos dez anos, de 9%. No segundo trimestre, a geração de caixa de US$ 355 milhões foi possível pela liberação de capital de giro, em especial US$ 150 milhões decorrente da queda dos preços do milho e farelo, e US$ 110 milhões com a redução de estoques de produtos acabados. Olhando para a frente, para o mercado futuro de grãos, há possibilidade de, no segundo semestre, liberar mais US$ 300 milhões de capital de giro por causa da queda dos grãos (milho e farelo de soja). Foi destacada a relevância da diversificação dos negócios e geografias para os resultados.

O Ebitda ajustado da JBS Austrália, por exemplo, que havia ficado negativo em R$ 17,7 milhões no primeiro trimestre deste ano, no segundo somou R$ 710 milhões, com margem Ebitda de 9,5%, a maior de todas as unidades de negócios da companhia. Na JBS Brasil, o Ebitda ajustado aumentou 127,8% entre o primeiro e o segundo trimestre, para R$ 675,7 milhões, ainda que tenha ficado 15,9% abaixo do apurado no segundo trimestre do ano passado, e a margem Ebitda ajustado chegou a 4,8%. A Pilgrims's Pride, que contribuiu com Ebitda ajustado de R$ 1,858 bilhão, maior fatia de um Ebitda ajustado total de R$ 4,470 bilhões no segundo trimestre, viu o indicador crescer 33,1% ante o primeiro trimestre. Na comparação anual, o recuo foi de 48,9%. A margem Ebitda ajustado da Pilgrim's Pride ficou em 8,7%, no segundo trimestre, ante 6,5% no primeiro, mas abaixo dos 16% do segundo trimestre de 2022. Enquanto nos Estados Unidos há um ciclo de restrição de oferta, de consumo, no Brasil o ciclo é bem positivo (de oferta).

O Brasil dobrou o Ebitda em bovinos ante o primeiro trimestre e a Austrália multiplicou por cinco ou mais. Esse é o resultado da diversificação. A companhia está mantendo o guidance para Capex em 2023 entre US$ 1,3 bilhão e US$ 1,4 bilhão e que, em 2024, a perspectiva é de um Capex menor. No segundo trimestre, o Capex somou R$ 1,959 bilhão ou US$ 394 milhões, dos quais R$ 948,8 milhões para expansões. Isso continua (o direcionamento de metade do dinheiro para expansão e outra metade para manutenções) neste ano e muita coisa de expansão será finalizada neste ano. A fábrica de empanados em Rolândia (PR) foi finalizada e a JBS vai concluir em setembro a fábrica de salsichas, também em Rolândia. Assim como segundo trimestre teve geração de caixa que cobriu Capex e dividendos, a expectativa é de que, nos próximos trimestres, haja geração suficiente para continuar investindo e ainda assim sobrar fluxo de caixa livre.

A companhia vem tomando medidas importantes para alcançar maior eficiência de negócios da Seara e nos Estados Unidos. A previsão é de que resultados mais significativos na Seara e nos Estados Unidos apareçam nos próximos trimestres. A JBS está confiante de que está no caminho certo de recuperação das margens. No segundo trimestre de 2023, as margens dobraram em relação ao primeiro trimestre. A receita líquida da Seara caiu levemente no segundo trimestre ante igual período do ano passado, refletindo a ampla oferta global de aves, mas a projeção é de maior equilíbrio na oferta do produto e potencial positivo para o setor. No Brasil, as perspectivas são positivas com o ciclo atual do gado bovino favorável, expansão das vendas de produtos de maior agregado, aumento da demanda doméstica e abertura de mercados no exterior. Nos Estados Unidos, os desafios devem permanecer nos próximos meses, com um cenário de margens mais apertadas. Há expectativa de captar neste ano um ganho de US$ 450 milhões com a queda dos preços dos grãos, em especial milho. Já foram captados US$ 150 milhões. A estimativa é captar mais US$ 300 milhões. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.