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19/Dec/2024

Frutas: acordo com UE elevará exportação brasileira

A conclusão das negociações do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia (UE) no início do mês e a abertura de novos mercados prometem um novo impulso às exportações de frutas do Brasil, que já vão muito bem. Bateram recorde no ano passado, com US$ 1,2 bilhão em vendas ao exterior. Desde 2023, já foram firmados acordos para abrir 7 novos mercados para a fruticultura brasileira, e outros 12 estão em negociação, segundo a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas). Os avanços do setor vêm na esteira da revolução provocada pela combinação de tecnologia e condições naturais que permitem a produção irrigada durante todo o ano, independentemente da estação, no semiárido da Região Nordeste. Enquanto isso, a Região Sul segue forte na maçã, e São Paulo e Minas Gerais, no limão e na laranja.

A laranja é de longe a fruta mais produzida no País e tem um mercado à parte, que passa pelo beneficiamento como suco, e enfrenta agora uma quebra de safra por causa da seca de meados deste ano. Entre as frutas frescas, manga, melão e uva foram os maiores sucessos do Brasil no exterior em 2023, mas neste ano os diferentes tipos de limão também vêm se destacando. Apesar do sucesso, as exportações ainda respondem por uma parcela ínfima da produção nacional. Com cerca de 43 milhões de toneladas de frutas colhidas em 2023, o Brasil é o terceiro maior produtor do mundo, atrás de China e Índia, mas exportou somente cerca de 1 milhão de toneladas, 2,3% do total. Para produtores e especialistas, é um sinal do que ainda pode vir da demanda externa. Segundo a Agrícola Famosa, o Brasil tem condições favoráveis: clima, gente, terra e portos. Há uma condição única de produção na Região Nordeste, que pode ser multiplicada.

A empresa é a maior produtora e exportadora do País, especialmente de melões, e se internacionalizou em 2021. Vendeu uma participação minoritária para a gigante espanhola Citri&Co. Neste ano, comprou a também espanhola El Abuelo de los Melones, ampliando ainda mais sua presença no exterior. No semiárido, esse processo começou na década de 1970, com a infraestrutura de irrigação. Houve investimentos públicos na região, cujos polos são Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), separadas pelo Rio São Francisco, mas também houve projetos privados voltados para poços artesianos. Mais tarde, entre as décadas de 1980 e 1990, a tecnologia se espalhou para as técnicas de manejo, observa a Embrapa Semiárido. Vai do controle sobre a quantidade de água despejada nas plantas pela irrigação até o uso de fertilizantes e nutrientes, na “fertirrigação”, e resulta na modificação dos próprios ciclos naturais. No caso da manga, é usada a “indução floral”.

Em vez de a fruta ter seu florescimento e frutificação espontâneos, em suas respectivas estações, é possível fazer com que a planta encerre o ciclo, além de induzir a floração fora do período espontâneo. Com isso, numa mesma plantação, é possível colher mangas toda semana. As videiras têm duas ou duas safras e meia por ano, diferentemente de tradicionais zonas produtoras, do Rio Grande do Sul ao Chile, da Califórnia (EUA) à Europa. Entre as décadas de 1990 e 2000, a Embrapa começou a investir na tecnologia de seleção genética para dar mais variedades aos produtores e atender demandas dos consumidores, como uvas sem caroço, substituindo as mudas desenvolvidas por multinacionais estrangeiras. O sucesso viria em 2011, com a BRS Vitória, a uva vermelha sem caroço que caiu no gosto do consumidor e ainda é de baixo custo e de alta produtividade para os produtores. A mais recente variedade é a BRS Melodia, que tem sabor de “frutas vermelhas”. Agora, a Embrapa está prestes a lançar sua primeira variedade de manga.

O mercado externo é o “caminho natural” e motor do crescimento da produção. Segundo a Abrafrutas, o crescimento da exportação passa pela abertura de mercados com acordos ou tratados firmados pelo governo com outros países, o que inclui regras sanitárias. Um dos resultados da visita do presidente da China, Xi Jinping, ao Brasil, no mês passado, foi a assinatura de acordos para liberar a entrada de uva fresca brasileira na segunda maior economia do mundo. A China produz uvas, mas a demanda do país, que tem 1,4 bilhão de habitantes, parece infinita. E os produtores brasileiros apostam que as variedades brasileiras podem cair no gosto dos chineses. Após a oficialização do acordo, começará o trabalho de prospectar importadores, entender os hábitos de consumo locais, mandar as primeiras remessas como teste. Em outra frente, tratados de livre comércio, como o acordo entre Mercosul e União Europeia, influenciam menos no acesso aos mercados, mas podem ampliar a demanda porque os produtos ficarão mais baratos ao consumidor final, graças à redução de tarifas de importação.

As frutas exportadas pelo Brasil terão tarifa zero na Europa, após uma redução gradual, conforme um cronograma para cada item. As uvas, que pagam imposto de 8% a 14%, ficarão livres de tarifas já no primeiro ano. O mercado asiático é visto como a nova fronteira do setor, com destaque para a China, que tem uma classe média de 350 milhões de pessoas, já que o mercado europeu é mais disputado. Uma dificuldade atual da fruticultura no País é a escassez de mão de obra. A elevada geração de empregos é uma característica positiva da produção de frutas, na comparação com commodities agrícolas com processos mecanizados, como soja, milho ou algodão. As frutas são mais delicadas e requerem manuseio na colheita e na embalagem, mesmo com emprego de maquinário. Segundo a Embrapa Semiárido, para cada hectare plantado de uva, são gerados três empregos. Na manga, é uma vaga para cada três hectares. Fonte: O Globo. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.