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28/May/2025

Aço: excesso global de produção no setor até 2027

Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a indústria global do aço está sob forte pressão devido ao avanço do excesso de capacidade, que pode comprometer a sustentabilidade do setor nos próximos anos. A projeção é de aumentos substanciais na capacidade de produção de aço de até 6,7% (165 milhões de toneladas métricas) entre 2025 e 2027. O crescimento é puxado por investimentos concentrados em países asiáticos, especialmente China e Índia, em um momento em que a demanda global deve seguir fraca. As economias asiáticas deverão representar 58% da nova capacidade. O volume excedente poderá chegar a 721 milhões de toneladas até 2027. Caso confirmadas, as estimativas representarão um volume de 290 milhões de toneladas superior à produção atual de todos os países da organização. Com a demanda crescendo apenas 0,7% ao ano até 2030, o cenário é de sobreoferta crônica e deterioração da saúde financeira das empresas. A utilização da capacidade pode novamente cair para 70%, abaixo do nível considerado mínimo para viabilidade econômica da produção.

Isso significa margens comprimidas, paralisação de fábricas e riscos crescentes para empregos, investimentos e cadeias produtivas. A combinação de capacidade excedente, oferta excessiva e pressão sobre os preços está comprometendo a lucratividade do setor. O impacto é amplo: atinge produtores em todo o mundo e afeta também indústrias consumidoras de aço nos países da OCDE, como automóveis e construção civil. A urgência de garantir igualdade de condições nunca foi tão grande. O Brasil tem mantido uma postura de contenção diante da crise global do aço, com capacidade produtiva estagnada e medidas defensivas para proteger seu mercado. O Brasil não registrou qualquer crescimento de capacidade entre 2020 e 2024, permanecendo com 50,9 milhões de toneladas por ano. A participação do País na capacidade global é de apenas 2,1%. A estabilidade contrasta com o avanço de outras economias emergentes, como a Índia, cuja capacidade aumentou 26,2% no período, e o Irã, com alta de 22,6%. Ainda assim, o Brasil aparece entre os países que adotaram barreiras comerciais.

Brasil, México e Turquia aumentaram as tarifas com a intenção de enfrentar aumentos substanciais de importações verificados nos últimos anos. As ações incluem investigações antidumping. O Brasil foi um dos países que mais iniciaram processos em 2024, com 8 investigações envolvendo produtos siderúrgicos, mesmo número que Austrália e atrás apenas de Turquia e Estados Unidos, com 10 casos cada. A América do Sul, onde o Brasil é o principal player, viu as importações de aço aumentarem cerca de 60% entre 2020 e 2024, reflexo do redirecionamento das exportações chinesas, que atingiram recorde de 118 milhões de toneladas em 2024. O crescimento das exportações de aço da China em meio ao excesso de capacidade global tem provocado uma onda de medidas protecionistas mundo afora. As exportações de aço da China dispararam para um nível recorde de 118 milhões de toneladas em 2024, superando o pico da crise do aço de 2015-2016. As pressões provocadas por exportações a preços baixos levaram a um salto nas novas investigações antidumping.

Em 2024, 19 governos iniciaram 81 investigações antidumping envolvendo produtos siderúrgicos, número cinco vezes maior que o registrado no ano anterior. Quase 80% dos casos foram iniciados contra produtores asiáticos, com a China respondendo por mais de um terço do total. Além das disputas formais, crescem também medidas amplas, como aumentos generalizados de tarifas sobre o aço em diversos países. Cada vez mais países têm adotado medidas mais abrangentes para proteger suas indústrias siderúrgicas, por meio de aumentos tarifários setoriais. As exportações chinesas não afetam apenas os mercados diretamente importadores. Muitas vezes, produtores sujeitos a medidas comerciais buscam contornar restrições, desviando exportações para outros mercados ou enviando produtos por países intermediários. A OCDE calcula que, entre 2013 e 2020, o volume de comércio siderúrgico suspeito de reencaminhamento totalizou 21,5 milhões de toneladas métricas (13,3 bilhões de euros). Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.