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30/May/2025

Bioinsumos: mercado enfrenta desafios no Brasil

Segundo dados da consultoria Blink, o mercado brasileiro de bioinsumos deve crescer 13% ao ano em faturamento até 2028, puxado por produtos mais elaborados e maior adesão dos produtores. Mas, a projeção otimista contrasta com os desafios imediatos: nas últimas duas safras, o faturamento do setor praticamente não saiu do lugar. Em 2024, as vendas somaram R$ 3,8 bilhões, com alta de apenas 1% em valor. O avanço em área tratada, de 8% a 9% ao ano, não se converteu em receita por causa da queda nos preços médios. Quando tem duas coisas semelhantes, o produtor escolhe a mais barata. As empresas têm dificuldade de mostrar diferenciação tecnológica. O salto nos preços em 2022/2023, em linha com a alta dos defensivos importados, foi seguido por uma correção. Cresceu muito, e no outro ano voltou. A pressão por preços baixos gerou uma dinâmica de "comoditização" no setor, dificultando a rentabilidade.

As ferramentas se repetem nos portfólios. Só se destaca quem traz preço novo e mercado novo com inovação. O cenário atual já levou empresas à insolvência e deve acelerar a consolidação entre players com escala, registro e diferenciação técnica. Mais de 150 empresas disputam fatias desse mercado, que exige margem mínima de 15% a 20% para a viabilidade. Esse patamar é arrasador para quem investe em pesquisa (P&D. A margem ideal para sustentabilidade econômica seria de 30% a 50%. Com Selic de 15%, como vai ganhar 15%, é melhor “deixar no banco". Além das margens apertadas, o setor enfrenta gargalos regulatórios. O setor ainda enfrenta algumas travas legais. Se combinar uma molécula de fungo com estrutura celular de bactéria, a legislação não oferece segurança. Nessas situações, o registro pode levar até cinco anos. A regulamentação aprovada em dezembro de 2024 deve aliviar parte dessas restrições.

O benefício é reconhecer que um organismo pode ter mais de uma função. Se registrar uma bactéria para fósforo e falar que fixa nitrogênio, existe multa. A nova norma, que ainda depende de regulamentação, também deve viabilizar a mistura de biológicos com fertilizantes, hoje permitida apenas para sementes. A Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) afirmou que o processo de regulamentação está sendo coordenado pelo Ministério da Agricultura por meio de grupos de trabalho. A lei saiu, decreto tem prazo, é preciso regulamentar ao longo deste ano. A entidade entregou sugestões técnicas ao governo e está focada no avanço da "bionutrição", uso de microrganismos para melhorar a eficiência dos fertilizantes. O biológico não tolera viagem de navio da China. Tem que ser feito internamente. O Brasil é líder mundial no uso de bioinsumos e possui vantagem competitiva na produção local.

Os biológicos podem melhorar o aproveitamento de fertilizantes importados, que representam 85% do consumo nacional. No caso do fósforo, apenas 30% do nutriente é absorvido pelas plantas; 70% se perdem no solo. Se aumentar a eficiência em 10%, contribui para a sustentabilidade e reduz a dependência externa. O desenvolvimento de novos produtos é mais rápido e barato que o de defensivos químicos: leva entre dois e cinco anos e custa de R$ 1 milhão a R$ 2 milhões. Inoculantes chegam ao mercado em até 18 meses; biodefensivos, entre dois e três anos. Mesmo assim, os custos com pesquisa e equipe técnica levaram muitas empresas a terceirizarem a pesquisa. Não é fácil montar time de P&D fácil. É investimento de longo prazo, e o laboratório não é barato. No Parque Tecnológico da Esalq, em Piracicaba (SP), duas empresas atendem até 80% das companhias do setor com pesquisa contratada. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.