03/Jun/2025
A fazenda Chapadão das Guaritas, em São Gotardo (MG), que pertence ao produtor de leite Washington Aparecido Silva, gasta R$ 70 mil em energia por mês, mas paga apenas de R$ 18 mil a R$ 20 mil. A economia de cerca de R$ 50 mil por mês foi garantida com a instalação de placas solares. 80% das placas foram instaladas no teto do galpão que abriga as vacas holandesas no sistema de confinamento. As outras ficam no chão. Hoje, 80% da necessidade da fazenda é atendida, mas o produtor pretende investir mais para chegar a 90 mil kWh e zerar a conta da energia. Ele gastou R$ 1,5 milhão no sistema e o investimento que já se pagou. O fazendeiro diz que sua decisão de apostar na energia fotovoltaica se deu, inicialmente, pelo lado financeiro, já que a produção de leite tem margens baixas e demanda muitos gastos com energia para ambientação das vacas, ordenha mecânica e resfriamento do leite.
Depois, também observou os benefícios para o meio ambiente. Com a energia renovável, a produção é mais sustentável. O pecuarista é um dos que ajudaram a engordar os investimentos do agro nessa fonte de energia até 2023. O setor é o terceiro que mais consome energia solar fotovoltaica no País, depois do residencial e comercial, com cerca de 14%; em 2016, não chegava a 5%. No ano passado, no entanto, os juros elevados fizeram os aportes do setor agropecuário caírem, tendência que se mantém neste ano. Além dos juros altos, há outro desestímulo ao investimento, segundo a Absolar: as distribuidoras de energia passaram a alegar que as redes estão sobrecarregadas para receber novos sistemas on grid, em que a energia solar captada pelos módulos solares é conectada à rede de distribuição. O Brasil é um dos países que mais investem em energia solar fotovoltaica, mas poderia crescer mais porque tem um dos melhores recursos solares e uma das contas de energia mais caras do mundo.
Mas, esse crescimento vai depender de uma sinalização mais forte do governo no compromisso com uma transição energética. O governo precisa reconhecer o problema das limitações das distribuidoras, que pode ser uma prática anticoncorrencial. A Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) rebate com veemência a crítica da Absolar. O Brasil tem uma das maiores taxas de eletrificação do mundo, com 99,8%, e as distribuidoras investem R$ 6 bilhões por ano para capacitar as redes nas áreas rurais. Os gargalos surgem quando há muita gente injetando energia na rede no mesmo momento. As pessoas ampliaram o conceito da geração distribuída remota compartilhada, em que a geração ocorre em uma propriedade mais distante e é transportada para o ponto de consumo, para construir as fazendas de energia solar e vender para terceiros até por aplicativo sem nenhum investimento nas linhas de rede.
As limitações hoje ocorrem principalmente nas Regiões Centro-Oeste, Sudeste e no Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), onde a expansão do agro é maior. Nessas áreas, a rede veio segurando até este momento, mas agora chegaram os gargalos, que podem impactar até o sistema de transmissão. Uma alternativa para solucionar o problema é o uso do sistema fotovoltaico off grid, que não é conectado à rede de distribuição. A energia excedente gerada pelos painéis solares é armazenada em baterias para poder ser utilizada em outro momento, como à noite, quando não há luz solar. Segundo a Abradee, novos projetos têm que ser submetidos à distribuidora da região, que vai avaliar a capacidade da rede. Uma resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) determinou que todos os pedidos de até 7,5 kW tenham liberação imediata, desde que a energia seja consumida no local gerado. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.