04/Jun/2025
A nova ofensiva do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra as exportações de aço ao mercado norte-americano, dobrando a tarifa de 25% para 50%, foi um ‘banho de água fria’ no setor siderúrgico brasileiro, além de ter pego as empresas de surpresa. A medida atinge também as exportações de produtos do setor de alumínio. As novas tarifas entram em vigor nesta quarta-feira (04/06), e atingem todos os países que exportam produtos siderúrgicos aos Estados Unidos. O aço brasileiro será afetado e, ao mesmo tempo, terá um efeito desastroso sobre a indústria norte-americana usuária do produto importado. No acordo Reino Unido-Estados Unidos ambos os países se comprometeram em rever as medidas do aço. A tarifa de 25% entrou em vigor em 12 de março e todos os países que exportavam aos Estados Unidos foram atingidos. Para o Aço Brasil, a dificuldade agora dobra. Todos os países afetados estão com as mesmas tarifas, e talvez até o aço do Reino Unido, cujo acordo com Estados Unidos ainda não foi implementado.
O Brasil continuará negociando com as autoridades norte-americanas, por meio dos ministérios de Relações Exteriores e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), em busca de um acordo que mantenha o regime de cotas de exportação firmado em 2018 com o próprio Trump. O Aço Brasil reitera que a vigência desse acordo, de mais de seis anos, é boa para ambos os países. Para os Estados Unidos, garante o abastecimento de siderúrgicas importadoras que compram placas, fazem o beneficiamento e vendem para a indústria local de transformações em bens acabados. Para o Brasil, o restabelecimento do acordo é importante, pois o País é o maior exportador de aço semiacabado ao mercado norte-americano. No acordo de 2018 entre os dois países, quando foi fixada uma tarifa de 25%, os exportadores brasileiros garantiram uma cota anual para vender sem a sobretaxa de 3,5 milhões de toneladas de aço semiacabado (placas), e de 687 mil toneladas de produtos laminados. Os dois grandes exportadores de placas do País são ArcelorMittal (usina de Tubarão, no Espírito Santo, e a de Pecém, no Ceará) e a Ternium Brasil, do Rio de Janeiro.
No segmento de aço laminado, de maior valor agregado, a empresa mais afetada é a CSN. Outra exportadora é a Usiminas. A nova disposição de aumentar para 50% aço e alumínio pelos Estados Unidos é negativa para as empresas brasileiras, salvo a Gerdau, que têm nos Estados Unidos mais ou menos 40% de seu Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização). As exportações dessas empresas podem ser redirecionadas para outros mercados, mas o grande problema continuará sendo China. O governo brasileiro não se atentou para o pleito das siderúrgicas em ser mais incisivo ao sobretaxar o aço da China, talvez para manter um relacionamento positivo entre os dois países. Mas, o cenário só piora. Agora, existe o risco de aço da China que ia para os Estados Unidos ser direcionado para os vizinhos asiáticos e terem o Brasil como continuidade de envio. Se ficar mesmo definida a tarifa de 50%, os Estados Unidos ficarão sem acesso a importações de aço de todas as partes do mundo. A menos que negociem, separadamente, país a país. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.