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11/Jun/2025

AgroGalaxy poderá leiloar a carteira de recebíveis

A AgroGalaxy recebeu, na primeira semana de junho, autorização da 19ª Vara Cível e Ambiental de Goiânia para leiloar uma carteira de recebíveis vencidos com valor nominal de R$ 683 milhões. A operação segue o modelo 'stalking horse', no qual um investidor apresenta uma proposta vinculante e tem preferência caso outras ofertas sejam apresentadas. Se o cronograma for cumprido, a companhia espera levantar até R$ 292 milhões em caixa ainda em julho. "A carteira está vendida, salvo se algum credor fizer uma oferta melhor", afirmou o CFO Luiz Conrado Sundfeld. O leilão integra o plano de recuperação judicial da empresa, homologado em maio, e será realizado na última semana de junho. Dois fundos de investimento, em parceria com credores da própria AgroGalaxy, já apresentaram a proposta inicial, que serve de referência mínima para ofertas concorrentes. Após o leilão, outros credores terão prazo de 10 dias para apresentar propostas superiores.

A carteira em questão reúne, principalmente, duplicatas e notas promissórias vencidas entre 2013 e 2024, representando dívidas de produtores rurais inadimplentes ao longo dos anos. O acúmulo desses valores reflete a crise enfrentada pelo setor de distribuição de insumos, agravada por sucessivas quebras de safra, oscilação de preços das commodities e restrição no crédito rural. Paralelamente, a empresa negocia a monetização de recebíveis judicializados, em fase final de fechamento. "Recebemos propostas de diversas casas. Essa negociação já foi concluída e a monetização deve ocorrer no curto prazo", disse Sundfeld. A venda da carteira integra a estratégia de recomposição de liquidez prevista no plano de recuperação judicial aprovado por 82,4% dos credores. Os recursos servirão para reforçar o capital de giro, recompor estoques e honrar compromissos de curto prazo, especialmente com fornecedores e produtores que ainda mantêm grãos retidos na companhia.

Além da carteira principal, a AgroGalaxy busca reativar seu FDIC exclusivo estruturado com a TerraMagna, suspenso durante a recuperação judicial. A retomada depende de assembleia de cotistas prevista para junho. "Estamos em processo de religar o fundo, dependendo apenas da aprovação na última assembleia, da qual também participamos", explicou o CFO. Enquanto aguarda a reativação do fundo exclusivo, a empresa voltou a operar com FDICs não exclusivos para antecipar recebíveis das novas vendas. “Temos feito operações de desconto com outras casas e temos tido bastante sucesso”, relatou Sundfeld. A atual estrutura de funding da empresa é baseada principalmente no desconto de recebíveis para financiar o ciclo operacional, além de emissões de debêntures e uso de CPRs (Cédulas de Produto Rural) como garantia. A combinação permite antecipar compromissos e manter previsibilidade nas relações comerciais.

A AgroGalaxy também monetiza ativos remanescentes, especialmente veículos e equipamentos de lojas desativadas, por meio de leilões organizados com a plataforma Superbid. "Ainda temos ativos de frota em processo de venda, em rodadas que estão em andamento", afirmou o CFO. Segundo o CEO Eron Martins, a nova estrutura de capital da companhia, após a reestruturação, é mais enxuta e resiliente. "Hoje, com todo o trabalho de redimensionamento, somos uma empresa que precisa de muito menos capital de giro", disse, destacando que a redução de 169 para cerca de 65 lojas diminui significativamente a necessidade de estoque e financiamento. A reestruturação coincide com um ambiente positivo no campo, o que deve favorecer o fluxo de caixa. "A safra foi muito boa, o vento soprou a favor do produtor. Quando ele tem rentabilidade, não há razão para não pagar suas contas", concluiu Sundfeld, referindo-se à safra recorde 2024/2025 e ao aumento da capacidade de pagamento dos clientes. Fonte: Broadcast Agro.