02/Jul/2025
Segundo projeções do Boletim Logístico da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o mercado de fretes rodoviários deve enfrentar forte pressão de alta em julho e agosto com a intensificação da colheita do milho 2ª safra de 2025. A expectativa de produção recorde de 101 milhões de toneladas já intensifica a disputa por caminhões em todo o País. Em Mato Grosso, onde a colheita teve início, mas a maior parcela dos trabalhos se concentrará nos próximos dois meses, a expectativa é de suporte ao longo de todo o ano de 2025 para as cotações de frete. Para julho, a alta nos preços deverá ser registrada de modo mais ampliado diante da entrada da oferta de milho, da necessidade de atendimento a compromissos previamente firmados e da disputa por caminhões para atendimento a distintas demandas.
A expectativa é de crescimento de 12,2% na produção da 2ª safra de 2025 do cereal, comparado ao ciclo anterior. A pressão nos fretes deve ser mais intensa em Mato Grosso, maior produtor nacional, onde apenas cerca de 1% da safra havia sido colhida até junho. O arrefecimento momentâneo registrado para novos negócios deverá promover a extensão do aquecimento do mercado de fretes para todo o segundo semestre, pois essa enorme safra deverá ser contratada e escoada em sua totalidade. A combinação de soja remanescente não comercializada com a produção do milho criará divisão dos corredores logísticos. O cenário se agrava com a crescente importância do mercado interno para o milho, que retira oferta de caminhões dos corredores tradicionais devido à maior capilaridade dos destinos. A taxa de negociação da safra disponível está mais adiantada comparativamente a anos anteriores, significando que há diversos compromissos logísticos previamente estabelecidos para serem honrados durante a colheita.
Em Goiás, segundo maior produtor, a situação já mostra sinais de tensão. Observa-se aumento de aproximadamente 29% nos fretes rodoviários com origem em Rio Verde para utilização do modal ferroviário, devido à baixa adesão dos caminhoneiros à plataforma local. Essas rejeições vêm ocorrendo por diversas motivações operacionais, como a demora no descarregamento e no tempo excessivo de espera com a carga. No Paraná, que deve responder por 54,44% das exportações brasileiras de milho no período analisado, a escassez de veículos na região de Cascavel já elevou os preços. Está ocorrendo grandes liberações de cargas para São Francisco do Sul e a falta de veículos na região tem resultado no aumento dos preços, podendo permanecer nestes patamares com a aproximação da safra do milho. A conjuntura é reforçada pela necessidade de liberar espaço em armazéns para recebimento do milho, além da elevada quantidade produzida pela agricultura estadual em 2025.
Com parte relevante da soja ainda não comercializada devido às baixas cotações dos últimos meses, produtores aguardam oportunidades futuras, criando pressão adicional sobre a logística. Para os próximos meses, a Conab projeta que as influências externas, como a disputa comercial entre Estados Unidos e China, também podem manter os custos do frete em patamares elevados, somando-se à pressão doméstica da safra recorde. O contexto recente mostra que em maio as exportações de soja atingiram 14,10 milhões de toneladas, queda de 7,66% ante o mês anterior, enquanto o milho registrou embarques de 6,1 milhões de toneladas contra 7,5 milhões no mesmo período de 2024. A produção total de grãos na safra 2024/2025 atingiu novo recorde de 336,1 milhões de toneladas, crescimento de 13% em relação ao ciclo anterior. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.