28/Aug/2025
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), a sobretaxa dos Estados Unidos a produtos brasileiros deve levar as empresas de máquinas a pararem de exportar para o mercado norte-americano a partir de setembro. Já se observa o agravamento da desaceleração nas vendas por causa das tarifas extras de 40% sobre máquinas e equipamentos. Vai ter impacto principalmente a partir do próximo mês em exportações, que devem tender a zero para aquele mercado. Houve perda grande de competitividade por causa da sobretaxa. Os Estados Unidos recebem aproximadamente 26% das exportações de máquinas do Brasil, o que equivale a aproximadamente US$ 300 milhões mensais.
Não deve haver uma grande melhora na competitividade dos produtos brasileiros em função da decisão do governo dos Estados Unidos de taxar qualquer produto com aço ou alumínio sob os termos da Seção 232 da Lei de Expansão Comercial norte-americana, que permite tarifas específicas a produtos para promover a segurança nacional. O vice-presidente Geraldo Alckmin havia dito na semana passada que isso deixaria os produtos brasileiros com uma desvantagem relativamente menor, mas, ainda assim, será muito difícil concorrer com outros fornecedores de máquinas dos Estados Unidos. O Brasil tem uma das maiores taxas, só a Índia tem equivalente. Se pegar a proporção da máquina, aquela que não é especificamente relacionada ao aço e ao alumínio vai ser taxada pela tarifa recíproca.
Vai diminuir a diferença em relação a outros países (exceto a Índia), por causa da proporção de aço e alumínio, mas produtos dos Estados Unidos, Canadá e México têm tarifa zero. A entidade ressalta que todas as medidas anunciadas pelo governo para conter os prejuízos das tarifas dos Estados Unidos são importantes e ajudam a mitigar os problemas trazidos pelas sobretaxas. Destaque para o Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários (Reintegra). O programa devolve aos exportadores parte dos tributos pagos ao longo da cadeia produtiva, na forma de crédito tributário. O plano do governo é antecipar os efeitos da reforma tributária, que entrará em vigor em 2027, desonerando a atividade exportadora aos Estados Unidos.
Sob o plano de contingência do governo, o percentual de imposto que será devolvido às empresas que exportarem aos Estados Unidos aumenta em 3%. Assim, grandes e médias empresas passam a contar com até 3,1% de alíquota, e micro e pequenas, com até 6%. As novas condições valerão até dezembro de 2026. Porém, a proposta seria mais eficaz se fosse mais abrangente do que o anunciado. O anúncio foi de que o crédito seria dado somente para empresas que exportam aos Estados Unidos. Provavelmente as empresas vão deixar de exportar. A expectativa é que governo coloque o Reintegra para todos os exportadores, independentemente do mercado em que atua, porque consegue dar competitividade para atuar em qualquer outro mercado do mundo.
Sobre as linhas de financiamento anunciadas recentemente pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o desenvolvimento da indústria 4.0, a Abimaq ainda não tem estimativas sobre o impacto do programa. No entanto, considera que o efeito pode ser menos positivo do que aparenta. A expectativa é que haja substituição de investimentos com taxa de juros mais alta por outra mais baixa, que é o que está sendo oferecido agora. Vai ter pouco reflexo no resultado geral. Se fossem agregar investimentos, o que é pouco provável, os R$ 12 bilhões em recursos conseguiriam suprir com folga o que a gente venderia para os Estados Unidos. Mas, o receio é que os investimentos sejam substituídos, não adicionados. Empresas que já iriam investir com taxa de 20% a 22% vão conseguir investir com taxa menor. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.