11/Sep/2025
Em uma área equivalente a 100 campos de futebol, em Sinop (MT), a Embrapa Agrossilvipastoril mantém um laboratório ao ar livre que aponta para o futuro da agricultura no Brasil. Modelos de integração entre lavoura e pecuária já resultam em vacas que produzem mais leite e bezerros, ao mesmo tempo que preparam o solo para gerar mais grãos por mais tempo. Outros projetos testam espécies arbóreas que se integram ao sistema produtivo e contribuem para recompor reservas legais em fazendas. Ao lado, outra unidade de pesquisa avalia cultivares de algodão adaptados à região. Na prática, esses sistemas funcionam como um rodízio inteligente da terra. Primeiro, entram as lavouras, como milho e soja, que deixam nutrientes no solo; na sequência, o mesmo espaço vira pasto para o gado, que aduba o terreno e ajuda na recuperação da área. Quando se acrescentam árvores ao modelo, como eucalipto ou frutíferas, a combinação garante sombra para os animais e melhora o equilíbrio ambiental. Em campo, pesquisadores testam diferentes formas de aplicação desses arranjos, e produtores podem adotar modelos como a integração entre lavoura e pecuária (ILP), com o plantio de milho associado à pastagem.
Após a colheita, a adubação melhora a qualidade do pasto e a alimentação do gado, enquanto na integração lavoura, pecuária e floresta (ILPF) é possível incluir eucalipto, teca ou outras árvores, oferecendo sombra ao rebanho. A demanda por eucalipto cresceu na região devido ao uso de biomassa nas caldeiras das usinas de etanol. Já a teca tem maior valor agregado e boa demanda. No Estado, os sistemas integrados ocupam quase 5 milhões de hectares. A tecnologia intensifica o uso do solo de forma sustentável e, com as mudanças climáticas, a expectativa é de rápida expansão do modelo. O maior patrimônio do produtor é o solo, que os sistemas protegem e melhoram. É uma poupança para o futuro. Na unidade, também está sendo testado um modelo em que o gado pasta entre frutíferas, como goiaba, caju, açaí e manga e as vacas leiteiras recebem receptores de GPS para medir deslocamentos em áreas abertas e sombreadas. Fêmeas criadas em ILPF entram mais cedo na reprodução, produzem mais leite e bezerros com melhor resposta imunológica e menor incidência de parasitas.
Os resultados são compartilhados com pecuaristas da região. A Embrapa Agrossilvipastoril desenvolve, em Sinop, uma das maiores plataformas de ensaios de agricultura regenerativa do mundo: práticas que buscam recuperar e melhorar o solo, como plantio direto, uso de insumos biológicos e técnicas para retenção de umidade e controle da erosão. São 150 hectares de experimentos com dez tratamentos voltados à melhoria do solo e à resiliência climática na pecuária. Os testes seguem até 2045. Os ensaios na unidade têm atraído vários pesquisadores. A Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) coordenava estudos em área experimental de recuperação florestal da Embrapa, voltados à quantificação dos estoques de carbono. No local, o plantio de espécies nativas, como cupuaçu e açaizeiro, formou um talhão verde semelhante a uma floresta, e a equipe foi medir a redução da temperatura, a umidade do solo e o volume de carbono estocado. O estudo vai gerar dados para definir parâmetros que orientem políticas de redução de carbono no processo de descarbonização da agropecuária.
A proposta é replicar a área em projetos de recuperação de reservas em propriedades rurais da região. Com dimensões superiores às de muitos países da Europa, Mato Grosso apresenta diferentes cenários ambientais para algumas culturas, especialmente o algodão. E a Fundação Mato Grosso, uma das principais instituições privadas de pesquisa do Estado, conduz estudos e ensaios de campo para identificar as cultivares (variedades desenvolvidas por melhoramento genético para maior produtividade e resistência) mais adaptadas a cada região. Líder na produção de algodão no País na safra 2024/2025, o Estado deverá colher 2,9 milhões de toneladas do produto, o volume representa 72,50% de toda a produção no Brasil. A fibra se tornou um dos principais produtos agrícolas do Estado e sua expansão exige atenção à escolha da cultivar. O algodão que vai bem em Sorriso, por exemplo, não tem o mesmo desempenho em Primavera do Leste. Como há muitos cultivares comerciais à disposição, a Fundação MT ajuda o produtor a fazer a melhor escolha.
No Centro de Aprendizado e Difusão (CAD) Norte, em Sorriso, a Fundação MT mantém vitrines de cultivares para avaliar variedades de soja, milho, algodão e outros produtos, como gergelim e canola, onde, além da produtividade, são observados fatores como resistência a doenças, adaptação ao clima e manejo. As vitrines funcionam como áreas experimentais, onde se avalia a interação entre cultivares, solo, clima e manejo local. No algodão, os pesquisadores avaliam desenvolvimento, produtividade e resistência das principais cultivares. É uma cultura que dá retorno e representa alternativa ao milho na 2ª safra, mas tem custo alto. Por isso, os ensaios são fundamentais para orientar o produtor. Grande parte da produção desta safra em municípios como Sorriso, Nova Mutum, Sapezal e Primavera do Leste usou variedades indicadas pela fundação. Embora atue com outras culturas, o centro de pesquisas da Fundação MT trabalha com os ensaios mais abrangentes de algodão do País, com 28 cultivares atualmente em teste. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.