10/Oct/2025
A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) afirmou que os recursos do Plano Safra 2025/2026, anunciado com R$ 516,2 bilhões em crédito para a agricultura empresarial, não têm chegado aos produtores. A entidade alertou para o agravamento do déficit de armazenagem no Estado, estimado em 52 milhões de toneladas pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). Os juros elevados e a menor subvenção ao crédito rural têm dificultado o investimento em infraestrutura. Esses recursos não têm chegado no produtor rural. O período é e início do plantio e muitos não conseguiram realizar suas operações bancárias, nem mesmo para o custeio.
A situação da armazenagem não é diferente. O setor precisa de linhas com juros abaixo do que o anunciado pelo governo federal, além de um prazo de carência para o produtor conseguir começar a pagar e viabilizar o investimento em infraestrutura, mas isso não está acontecendo. Mato Grosso deve produzir 47 milhões de toneladas de soja na safra 2025/2026, segundo o Imea. A produção de milho na última safra superou 54 milhões de toneladas. O Estado tem 53,4 milhões de toneladas de capacidade estática de armazenagem, espaço insuficiente para atender ambas as culturas. Mato Grosso é o Estado com mais impacto pela carência de infraestrutura.
Há menos capacidade de armazenamento do que seria o mínimo, e Mato Grosso é o pior Estado em infraestrutura quando comparadas a produção e a capacidade de armazenagem. É caro construir, os financiamentos são burocráticos e demorados, e na taxa de juros atual, não são viáveis. Quanto menor o armazém, mais caro ele é, por saca armazenada. Por isso, os pequenos e médios produtores são os mais impactados. A falta de espaço leva os produtores a recorrem a soluções improvisadas, como silos bolsa, além de enfrentar escassez de caminhões e altos custos de transporte na colheita. Qualquer imprevisto em portos ou crises geopolíticas podem deixar o Brasil refém, sem condições de escoar sua safra. E se isso acontecer, não há espaço para armazenar a produção.
Mato Grosso poderia perder até metade da produção, um prejuízo bilionário, com reflexos diretos em toda a economia do País. O problema é nacional. O Brasil produziu neste ano 350 milhões de toneladas de grãos e ao mesmo tempo, tem um déficit de mais de 120 milhões de toneladas. O que preocupa é que todo ano o percentual de produção cresce mais do que a construção de armazéns. E, nesse momento, com juros elevados e menos recursos disponíveis no Plano Safra, o cenário se torna ainda mais desafiador. O encarecimento dos equipamentos e das estruturas de armazenagem, somado à alta inflação, tem afastado a possibilidade de investimento de grande parte dos produtores.
Embora o Plano Safra preveja R$ 101,5 bilhões para investimentos, as condições de financiamento, os juros elevados e a inflação têm afastado a possibilidade de ampliação da rede de armazenagem. A entidade defendeu políticas públicas que incentivem a construção de armazéns próprios e ofereçam benefícios fiscais. O governo tem que ter um olhar para políticas que incentivem, inclusive fiscalmente, quem tem armazéns próprios para que o Brasil se torne soberano nesse tema. A entidade informou que mantém esforços na defesa de linhas de financiamento mais acessíveis, com prazos alongados, menos burocracia e juros compatíveis com a realidade do campo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.