ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

31/Oct/2025

Kepler Weber divulga resultado do 3º trimestre/2025

A Kepler Weber registrou lucro líquido de R$ 51,6 milhões no terceiro trimestre de 2025, queda de 13,5% em relação ao mesmo período do ano passado. A receita líquida somou R$ 423,3 milhões, retração de 3,6%, enquanto o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) totalizou R$ 73,6 milhões, baixa de 20,8% frente ao terceiro trimestre de 2024. O trimestre marca o início de uma recuperação gradual após um primeiro semestre pressionado por crédito caro, juros elevados e preços menores das commodities agrícolas. “A gente começa a ver a recuperação que vinha sendo esperada desde o início do ano. O segundo semestre já iniciaria uma recuperação e a gente vê isso claramente no terceiro trimestre”, afirmou o CEO, Bernardo Nogueira. De acordo com ele, o desempenho do período veio melhor que o do segundo trimestre, refletindo a retomada das entregas e maior eficiência operacional. “Mesmo com uma queda em relação ao ano passado, o Ebitda já começa a fechar essa diferença e apresenta um crescimento importante frente ao segundo trimestre”, disse.

A margem Ebitda subiu para 17,4%, avanço de 5,2% sobre o trimestre anterior, quando havia ficado em 12,2%. No acumulado de nove meses, a margem Ebitda ficou em 15,1%, enquanto a margem líquida alcançou 12,2%. “A gente volta a superar os 15% de Ebitda”, destacou Nogueira. Ele afirmou que a expectativa é de que o quarto trimestre mantenha resultados estáveis, “em um patamar mais saudável do que foi o primeiro semestre”. O CFO Renato Arroyo afirmou que a pressão nos resultados permanece concentrada no lucro bruto, diante de um ambiente de crédito restrito e custos financeiros elevados. “Ainda há muita pressão de preço por conta do cenário desafiador de crédito e juros”, disse. Segundo ele, as despesas seguem sob controle. “Os nossos custos internos, como CPV e SG&A, são super bem controlados.” As despesas gerais e administrativas somaram R$ 23,6 milhões, o equivalente a 5,6% da receita líquida, praticamente estáveis na comparação anual. A margem bruta encerrou o trimestre em 24,9%, queda de 5% em relação a um ano antes.

Entre os segmentos, Negócios Internacionais cresceu 23,6%, para R$ 63,3 milhões, impulsionado pela Argentina e novos projetos na América do Sul. Portos e Terminais somou R$ 34,3 milhões (+97,4%) e Reposição e Serviços avançou 10,8%, para R$ 79,9 milhões. Em sentido oposto, Fazendas recuou 3,2%, para R$ 137,1 milhões, e Agroindústrias caiu 30,6%, para R$ 108,7 milhões, afetado por uma base de comparação forte em 2024. "Temos alguns bons negócios fechados para 2026", afirmou Nogueira. A base de clientes faturados cresceu 13% no trimestre. "Mesmo num momento de crise, a gente está conseguindo ter uma boa cobertura de mercado e atrair muitos clientes", acrescentou o CEO. A Kepler Weber acelerou os investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) nos últimos 12 meses, com alta de 50%, e começa a colher os resultados dessa estratégia. Os produtos lançados nos últimos cinco anos devem responder por cerca de 15% da receita da companhia em 2025, ante 3% em 2023. O aporte em P&D alcançou 0,7% da receita líquida, voltado ao desenvolvimento de soluções de automação e eficiência para armazenagem de grãos.

Entre os lançamentos mais recentes estão o Biocav, equipamento que automatiza a alimentação das fornalhas de secagem, e a CT Carretel, correia transportadora enclausurada voltada a agroindústrias e usinas de etanol de milho e soja. O CEO Bernardo Nogueira afirmou que o Biocav foi “o maior sucesso de vendas” entre os produtos lançados no ano passado e destacou o papel da CT Carretel em projetos industriais. “É um produto de alto valor agregado, muito focado na agroindústria, como plantas de etanol de milho”, disse. Esses equipamentos entram principalmente no segmento de Reposição e Serviços, que teve receita de R$ 79,9 milhões no terceiro trimestre, alta de 10,8% em relação a igual período de 2024. No acumulado de nove meses, o segmento somou R$ 215,5 milhões, avanço de 15,5%. A margem bruta foi de 36,5% no trimestre, 1,3% acima da observada um ano antes. A companhia também vem ampliando a oferta de pós-venda e equipamentos próprios. A linha Seletron, composta por sistemas de seleção eletrônica de grãos, integra o portfólio da Kepler Weber e é uma das frentes da estratégia de inovação.

A empresa informou ainda que trabalha no desenvolvimento de uma nova máquina de limpeza e de um gerador de calor voltado a ganhos de desempenho e sustentabilidade. Além dos equipamentos, a Kepler busca expandir a Procer, subsidiária voltada ao monitoramento remoto de unidades armazenadoras. A plataforma acompanha em tempo real cerca de duas mil unidades e aproximadamente 60 milhões de toneladas de grãos. No primeiro semestre, a Procer firmou parceria com a XP Investimentos para estruturar ofertas financeiras baseadas em dados do pós-colheita. Segundo Nogueira, a empresa negocia novos acordos com operadores logísticos, tradings e seguradoras. “A expectativa é anunciar pelo menos dois bons acordos ainda neste ano”, afirmou. O modelo em discussão prevê uma assinatura mensal entre R$ 40 mil e R$ 50 mil para acesso aos dados e remuneração variável atrelada ao ganho de eficiência obtido pelo cliente. “Vamos medir o valor gerado na operação, e a nossa expectativa é ficar com uma fatia entre 10% e 30% desse ganho”, disse. Os investimentos anunciados também abrangem modernização fabril, tecnologia da informação e manutenção de ativos.

No terceiro trimestre, o capex somou R$ 15,5 milhões, o equivalente a 3,7% da receita líquida do período. No acumulado de nove meses, foram R$ 53,5 milhões, alta de 105% em relação ao mesmo intervalo de 2024. O CFO Renato Arroyo afirmou que a companhia manteve o ritmo de aportes mesmo em um cenário de crédito mais caro. “A Kepler é uma empresa que tem condição de investir mesmo em momentos adversos. Às vezes você vai adquirir mais barato, vai conseguir fazer coisas melhores. A gente não quer parar”, disse. A Kepler conta com cerca de 150 profissionais de engenharia dedicados ao desenvolvimento, teste e validação de soluções industriais e digitais. No último ano, 46% da receita teve origem em produtos novos ou em versões atualizadas. Entre os projetos em andamento está uma iniciativa voltada à mini industrialização do DDG, subproduto do etanol de milho, combinado com soja, na formulação de ração bovina. A empresa vê aumento do confinamento de gado, que, segundo a administração, passou de cerca de 2% para aproximadamente 10% dos abates em 20 anos. Fonte: Broadcast Agro.