31/Oct/2025
A Kepler Weber tem usado recursos próprios para financiar parte das vendas nos segmentos de Fazendas e de Reposição e Serviços, em um momento de liberação mais lenta do Plano Safra para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA) e de crédito rural mais caro. O CFO Renato Arroyo afirmou que a companhia aumentou em cerca de R$ 30 milhões o crédito de longo prazo concedido a clientes em relação ao mesmo período de 2024. Segundo ele, a estratégia é adotada “com muita parcimônia”, com análise de fluxo de caixa e margem de cada operação. O PCA, linha de crédito subsidiado do Plano Safra voltada a investimentos em armazenagem, teve até agora a liberação de aproximadamente 10% dos R$ 8 bilhões previstos para o ciclo 2025/2026.
“O PCA está mais lento até do que o ano passado. Setembro acelerou um pouco, mas ainda está aquém da expectativa”, disse Arroyo. O executivo afirmou que a exposição da Kepler ao PCA varia entre 13% e 15% das vendas, concentrada sobretudo no segmento de Fazendas, que atende estruturas de armazenagem em nível de propriedade rural. Segundo ele, a empresa vem oferecendo suporte direto aos clientes na busca de financiamento. “Temos um trabalho ativo em ajudar, inclusive com consultorias e com a nossa equipe financeira auxiliando os clientes a buscarem os melhores recursos possíveis”, afirmou. A administração vê a diversificação de receita como forma de reduzir a dependência do crédito rural subsidiado.
Os segmentos de Portos e Terminais, Negócios Internacionais, Reposição e Serviços e Agroindústrias praticamente não utilizam recursos do PCA. “Esses entes se financiam de outra maneira”, disse Arroyo. Nessas áreas, os desembolsos costumam vir de estruturas próprias das empresas clientes, como operadores logísticos, indústrias de processamento e tradings. No trimestre, Portos e Terminais registrou receita de R$ 34,3 milhões, alta de 97,4% em relação ao terceiro trimestre de 2024, enquanto Negócios Internacionais somou R$ 63,3 milhões, avanço de 23,6%, e Reposição e Serviços atingiu R$ 79,9 milhões, alta de 10,8%. Somados, esses três segmentos responderam por 42% da receita consolidada do período, diluindo a exposição ao produtor individual e ao funding atrelado ao Plano Safra.
Arroyo disse ainda que, diante da menor velocidade do crédito oficial e da concorrência oferecendo prazos mais longos, a Kepler passou a alongar parte das condições comerciais com base em balanço, mas mantendo controle interno de risco. “A gente usa com muita parcimônia o nosso balanço. A concorrência tem feito um parcelamento às vezes até de maior escala”, afirmou. A Kepler Weber encerrou o terceiro trimestre de 2025 com forte expansão no segmento de Portos e terminais, que quase dobrou de tamanho em doze meses e contribuiu para a recuperação gradual das margens da companhia. A receita do segmento alcançou R$ 34,3 milhões no trimestre, alta de 97,4% frente ao mesmo período de 2024, impulsionada por projetos relevantes de porto marítimo na Bahia e terminal de transbordo em Mato Grosso.
Segundo o CEO Bernardo Nogueira, a demanda segue aquecida. "O Brasil vem crescendo a produção e precisa ter o escoamento adequado. Temos projetos atualmente em Santos e no Arco Norte". O executivo destacou que, além da diversificação que o segmento traz ao negócio, os projetos portuários são os mais complexos da companhia. "Falamos que a Fórmula 1 do pós-colheita são os projetos de portos, que têm velocidades e capacidades completamente diferentes e forçam a nossa engenharia a buscar soluções cada vez mais robustas e inovadoras", disse. O avanço de portos e terminais elevou o peso dos segmentos industriais no portfólio da Kepler. Somados a Reposição e Serviços e Negócios Internacionais, representaram 42% da receita consolidada do trimestre.
Esses três segmentos têm menor dependência do Plano de Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), linha de crédito subsidiado do Plano Safra concentrada no segmento de Fazendas. O CFO Renato Arroyo destacou que a companhia vem trabalhando em ganhos de eficiência operacional. "A empresa que começou o ano vem evoluindo trimestre a trimestre e tem uma condição hoje de eficiência muito melhor que tinha no início do ano ou no final do ano passado", afirmou. Os investimentos (capex) totalizaram R$ 15,5 milhões no trimestre, voltados à modernização fabril, manutenção e desenvolvimento de produtos. No acumulado de nove meses, o capex somou R$ 53,5 milhões, alta de 105% sobre igual período de 2024. A companhia encerrou setembro com caixa líquido de R$ 31,1 milhões e endividamento total de R$ 332,7 milhões. Para 2026, a administração projeta manutenção do ambiente macroeconômico de 2025, com juros elevados e estabilidade nos preços das commodities agrícolas. Fonte: Broadcast Agro.