16/Dec/2025
A Kepler Weber e a norte-americana Grain & Protein Technologies (GPT) ampliaram por mais 30 dias o prazo de exclusividade para negociar uma potencial combinação de negócios envolvendo a fabricante brasileira de silos. Com a extensão, acertada nesta segunda-feira (15/12), o período passa a valer até 15 de fevereiro de 2026, segundo Fato Relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). No mesmo comunicado, a companhia detalhou pela primeira vez a estrutura da operação proposta e as alternativas de pagamento aos acionistas. De acordo com o Fato Relevante, a GPT oferece duas opções aos acionistas da Kepler Weber: o recebimento de R$ 11,00 por ação, integralmente em dinheiro, ou uma combinação de ações e caixa, que inclui 0,4662 ação ordinária da GPT Brasil mais R$ 8,01 em dinheiro por papel. “Até a presente data, não há nenhum documento vinculante assinado entre as partes a respeito da Transação”, destacou o documento, assinado pelo diretor Financeiro e de Relações com Investidores, Renato Arroyo Barbeiro.
A proposta prevê que a Kepler Weber deixe o Novo Mercado da B3 e se torne subsidiária integral de uma empresa a ser criada pela GPT, chamada de MergerSub. Segundo o comunicado, a operação seria executada em três etapas: primeiro, a incorporação da totalidade das ações ordinárias da Kepler pela MergerSub; depois, a entrega de uma ação preferencial resgatável - classe A ou B - para cada ação da Kepler; e, por fim, o resgate obrigatório dessas ações, conforme a opção escolhida por cada acionista. Na alternativa integralmente em dinheiro, o investidor recebe R$ 11,00 por ação. Na segunda opção, passa a deter participação indireta no negócio combinado, por meio das ações da GPT Brasil, além de R$ 8,01 em espécie por papel. A escolha é individual e exclusiva de cada acionista. O fato relevante ressalta ainda que a estrutura e a relação de troca são “preliminares e meramente indicativas”, sujeitas à conclusão das negociações.
O comunicado informa também que a GPT mantém conversas com alguns acionistas da Kepler sobre eventuais transações privadas adicionais, envolvendo, por exemplo, obrigações de não concorrência e não aliciamento. Segundo a empresa, essas tratativas seguem os limites legais e as práticas de mercado e não alteram, por ora, a estrutura principal da transação em negociação. Caso a operação seja aprovada e concluída, a Kepler Weber deixará o Novo Mercado e poderá ter seu registro de companhia aberta convertido para a categoria B ou até cancelado, a critério exclusivo da GPT. A categoria B exige menos compromissos de governança em relação ao segmento mais elevado da B3. A potencial transação ocorre em um momento de reacomodação do setor e após um trimestre marcado por melhora operacional, mas ainda com pressão sobre os resultados. No terceiro trimestre de 2025, a Kepler Weber registrou lucro líquido de R$ 51,6 milhões, queda de 13,5% na comparação anual. A receita líquida somou R$ 423,3 milhões, recuo de 3,6%, enquanto o Ebitda atingiu R$ 73,6 milhões, baixa de 20,8%.
Ainda assim, a margem Ebitda avançou para 17,4%, 5,2% acima do segundo trimestre. A GPT é controlada pela A-AG Topco Limited e pelo fundo de private equity American Industrial Partners (AIP) e opera no Brasil por meio da marca GSI, maior fabricante de silos agrícolas dos Estados Unidos. A Kepler Weber, por sua vez, é líder no mercado brasileiro de equipamentos para armazenagem e soluções em pós-colheita de grãos. Esta é a terceira vez que a GSI tenta adquirir a Kepler. Em 2007, durante uma crise financeira da companhia brasileira, houve uma primeira oferta. Em 2017, já sob controle da AGCO, a GSI apresentou proposta de US$ 185 milhões e chegou a negociar com Previ e Banco do Brasil, então detentores de 35% do capital, mas desistiu posteriormente. A Kepler Weber está avaliada em cerca de R$ 2 bilhões na B3. A companhia afirmou que seguirá mantendo seus acionistas e o mercado informados sobre eventuais desdobramentos das negociações. Fonte: Broadcast Agro.