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25/Set/2020

JACTO: planejamento para ampliação dos mercados

A fabricante de máquinas agrícolas Jacto, de Pompeia (SP), espera fechar 2020 com vendas de 10% a 15% superiores às registradas em 2019. É mais do que o incremento esperado pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) para o setor, de 7% a 10%. Por trás da projeção está o plano para definir de que maneira a empresa, de 72 anos de idade, chegará a seu centenário. As discussões internas acabaram de começar, mas algumas metas foram definidas para os próximos três anos: dobrar o faturamento de 2019, de R$ 1,650 bilhão, e aumentar a participação em mercados dentro e fora do Brasil. "Para chegar a 100 anos, precisaremos de ter um desempenho muito acima da média", disse o diretor-presidente da companhia, Fernando Gonçalves. O ano de 2020 contribuirá para o objetivo de curto prazo já que, mesmo "muito atribulado", produtores não têm deixado de investir em maquinário. "A relação de troca está favorável (agricultores necessitam de menor quantidade de produtos agrícolas para comprar o mesmo volume de insumos) e eles têm se mostrado dispostos a investir em novas tecnologias", disse Gonçalves.

Para ampliar as vendas internas e externas, a companhia está investindo em duas frentes: uma série de lançamentos para agricultura tropical - parte apresentada há cerca de um mês -, e a ampliação dos serviços digitais. Há expectativa de que o peso das exportações no negócio saia dos atuais 25% para cerca 35%, segundo Gonçalves. A Jacto também pretende ganhar espaço no Brasil, subindo de 5% a 8% sobre sua fatia atual, não revelada por ele. Dentre os novos produtos, um deles é uma colhedora de cana-de-açúcar, que marca a entrada da companhia no setor sucroalcooleiro. Também suas três primeiras plantadeiras, uma delas automotriz (não precisa ser acoplada a um trator), todas destinadas a grãos. A empresa apresentou ainda a terceira geração de seu pulverizador autônomo (dispensa operador) para citros. A Jacto já contava com pulverizadores, adubadoras e colhedoras de café. Quanto aos serviços digitais, o Ecossistema Digital, lançado em maio, ganhou reforço no mês passado, com espaço virtual para treinamentos, vendas de usados, pós-vendas, "chat da fazenda", simulador de financiamento e serviço gratuito de mapas da propriedade, entre outras soluções.

"Temos o direcionamento de atuar no mercado externo, por isso fazemos produtos adequados a países de clima tropical", disse Gonçalves. Além de continuar atuando na América do Sul, na África e no leste europeu, ele afirmou que pretende "aumentar bastante" a participação da companhia nos mercados da África do Sul, da Argentina, da Ucrânia, da Rússia e do México. O objetivo é sair de uma média de 5% de participação nas vendas de maquinário destes países, para 15% em três anos. O consultor Carlos Cogo, que há mais de 20 anos acompanha o setor de máquinas agrícolas, afirmou que a companhia paulista acumulou "know how" em vender para "mercados alternativos". "Os usuais são Paraguai, Uruguai, Argentina, mas a Jacto atua no mercado africano, na América Central, em alguns países asiáticos e da Oceania." Cogo também disse ser relevante a atenção dada historicamente pela empresa "nacional" à pesquisa e ao desenvolvimento. "Nunca ficaram atrás de nenhuma multinacional", afirmou.

A entrada no segmento de colhedoras de cana-de-açúcar, para ele, mostra uma visão de longo prazo. "O setor sucroalcooleiro vai entrar em uma nova era, com o cumprimento do Acordo de Paris (de redução de emissões de gases de efeito estufa), a implementação do RenovaBio (programa federal de estímulo à produção de biocombustíveis). Eles estão olhando bem para frente, mesmo", afirmou Cogo. Para ele, o desafio, no curto prazo, é disputar um mercado estável, pois a área plantada pouco tem oscilado a cada safra. Os planos de crescimento demandarão, em breve, aumento da produção e da capacidade produtiva da Jacto. Gonçalves não revela o montante dos investimentos previstos, mas adianta que a fábrica de Pompeia, no interior paulista, precisará ser ampliada. Outras unidades das quais saem máquinas da companhia, na Argentina e na Tailândia, terão de aumentar a produção. A Jacto também tem escritórios comerciais nos Estados Unidos e no México. Fonte: Agência Estado.