23/Out/2020

A boa rentabilidade dos produtores brasileiros levou a uma antecipação das compras e das importações de nitrogênio para a 2ª safra de milho, que será cultivada no início do ano que vem, e pode pressionar as cotações do insumo no quarto trimestre do ano. A alta das cotações de adubos ao longo do ano levou a relação de troca mundial (entre fertilizantes e commodities agrícolas) ao patamar mais elevado desde setembro de 2019, mas não foi observado impacto disso na demanda do mercado brasileiro.

No Brasil, a comercialização antecipada de grãos influenciou o adiantamento da fixação de compras de adubos, dando suporte às cotações no terceiro trimestre. As importações brasileiras de ureia de janeiro a setembro foram 38% maiores do que em igual período de 2019; de MAP (fosfato monoamônico), 28% e de KCL (cloreto de potássio), 3%. A forte participação da Índia, grande consumidor global de adubos, no mercado nos últimos meses, também é fator baixista para as cotações no quarto trimestre de 2020. De janeiro a setembro, a Índia importou 9% mais fertilizantes do que no mesmo intervalo do ano passado, contribuindo para o aumento de 8% nos preços internacionais da ureia e de 11% dos fosfatados.

A partir de agora, contudo, espera-se uma redução das compras do país destes insumos, em virtude, entre outros fatores, do fim do ano fiscal indiano e do orçamento do país para compras, assim como de incertezas em torno da safra rabi (cultivada no inverno e colhida na primavera do país). Além disso, também se inicia a baixa temporada de compras por produtores da China, o que, associado à redução das aquisições por parte da Índia, pode resultar em oferta excedente de fosfatados e nitrogenados produzidos pela indústria chinesa.

A finalização das compras de fosfatados para a soja brasileira, assim como de KCL (cloreto de potássio), também reforça a perspectiva baixista para os preços destes adubos. Em contrapartida, alguns fatores podem limitar as quedas. Entre eles, a previsão de aumento da demanda por gás natural (base para a produção de ureia) nos Estados Unidos em sistemas de calefação durante o inverno e compras de adubos nitrogenados para aplicação em culturas de outono como, por exemplo, trigo. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.