01/Dez/2020
Tecnologias turbinadas por inteligência artificial (IA) estão aumentando a produtividade do agronegócio brasileiro, único setor da economia a gerar empregos no primeiro semestre. As soluções digitais se viabilizaram graças aos sensores baratos, à computação em nuvem e ao smartphone, que é utilizado por 97,9% dos moradores da área rural para acessar a internet, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Outro estímulo à agricultura de precisão é o modelo de negócio Software como Serviço (SaaS), no qual o usuário “aluga” o processamento dos computadores. Em Campinas (SP), o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPQD) trabalha há dois anos com um projeto de plataforma aberta de IA para o agronegócio. A ideia é fornecer elementos que facilitem o desenvolvimento de aplicações por outras empresas. Há três linhas de pesquisa: aprendizado e análise preditiva, visão computacional e sistemas de diálogo.
Uma das parceiras da fundação é a BemAgro, de Ribeirão Preto (SP). A empresa desenvolveu uma solução de IA que automatiza a geração de informações para alimentar o piloto automático na colheita mecanizada, além de detectar falhas de plantio. O processo que demorava até dois dias é executado em apenas alguns minutos. Em São Carlos (SP), a Embrapa Instrumentação desenvolveu o sistema Libs, que usa raios laser e IA para analisar amostras do solo. A tecnologia é a mesma presente no robô da Nasa em Marte. Uma spinoff do projeto, a Agrorobótica, fez parceria com a Bayer em um projeto inédito para desenvolver uma metodologia de medir o sequestro de carbono na agricultura. O Orchestra Innovation Center, centro de inovação para o agronegócio de Rio Verde (GO), tem um programa para facilitar a adoção de novas tecnologias no campo, em parceria com a agtech britânica Hummingbird Technologies. A proposta é disponibilizar IA, machine learning e visão computacional para que os produtores façam sensoriamento remoto em grande escala.
Com isso é possível aplicar herbicidas de acordo com a necessidade e com ajustes corretos de dosagem. A Hummingbird estima que o uso desses recursos pode gerar uma economia de até 80% no insumo. Na Fazenda Caçadinha, em Rio Brilhante (MS), a DSM investe em tecnologias de precisão no seu Centro de Inovação e Ciência Aplicada em Gado de Corte. Uma ferramenta de visão computacional instalada em parceria com a Universidade de Wisconsin (EUA) utiliza IA no manejo da alimentação por meio do monitoramento do cocho e do comportamento dos animais. Com o sistema é possível reduzir o desperdício de ração de 5% para 1% ou 2%. A Agriness, de Florianópolis, fornece um sistema de IA para apoiar os suinocultores na tomada de decisões sobre variáveis ambientais como temperatura e água. Foi possível ampliar a produtividade em 15%, sem investimento em novos processos ou estruturas. Com tecnologia presente em 21 países, a empresa está ampliando o foco de atividades para avicultura de corte e produção de leite.
A Hexagon aposta na IA sob demanda para levar a agricultura de precisão aos pequenos e médios produtores. Só se paga pelo processamento que usa, e assim é possível baratear muito o acesso. Para grandes empresas, um dos produtos oferecidos pela corporação de origem sueca é a Sala de Controle, sistema centralizado que monitora as operações de colheita e transporte. Uma usina de cana-de-çaúcar que adota a solução reduziu em 10% o seu custo logístico. Uma tecnologia de IA criada pela Totvs usa visão computacional e realidade aumentada para detectar pragas em plantas, através da sua plataforma digital Carol, acessada por telefone celular. É possível identificar em tempo real o nome do micro-organismo, o grau de infecção e os cuidados necessários. Outra solução da plataforma é o RH Clock In, que usa AI para o controle da jornada de trabalho no campo por meio de reconhecimento facial. Fonte: Valor Econômico. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.