11/Fev/2021
Segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), o mercado de agroquímicos no Brasil deve encerrar 2021 com um resultado bastante diferente do registrado no ano passado, quando o faturamento da indústria, em dólar, recuou 10,4%. A disparada dos custos globais de logística e matérias-primas, a valorização do dólar ante o Real e a previsão de novo avanço da área plantada no País sustentam a perspectiva. Em dólar, a expectativa é de uma recuperação sensível do mercado, ao redor de 10% a 15%. Em 2020, o setor movimentou US$ 12,1 bilhões, abaixo dos US$ 13,5 bilhões de 2019. As vendas das empresas são fechadas com clientes, majoritariamente, em Reais, mas o faturamento do produto só ocorre no momento da entrega do defensivo, meses depois. No ano passado, a indústria negociou boa parte dos volumes quando o câmbio girava em torno de R$ 4,20, e importou matérias-primas com este custo. Na hora do pagamento, quando o dólar já havia passado de R$ 5,00, acabou recebendo menos na moeda estrangeira. Neste ano, os produtos já estão sendo precificados com o câmbio novo, vendendo com um dólar de cerca de R$ 5,20, e não de R$ 4,00.
Uma eventual mudança para R$ 5,40, R$ 5,50, não terá tanto impacto. Outro fator que deve puxar a receita da indústria de agroquímicos para cima em 2021 é a alta dos preços de matérias-primas, a maior parte importada da China, em virtude da escalada do frete no mercado global impulsionada pelo aquecimento da economia. Em novembro, foram notados reajustes nos valores dos insumos necessários à indústria da ordem de 10% a 15%. Hoje, as empresas já pagam duas vezes e meia a três vezes o que pagavam no ano passado. O problema não é só o incremento do custo, mas a falta de disponibilidade de frete (para trazer os insumos da China para o Brasil). Há atrasos nas entregas, de uma a três semanas, e por enquanto os distribuidores estão bem abastecidos, mas o futuro preocupa. Há dificuldades para negociar embarques de matérias-primas para março. O preço do frete entre China e Brasil, que estava em US$ 1.989,00 por TEU (medida padrão de capacidade do transporte marítimo, que equivale a um contêiner de 20 pés) na terceira semana de 2020, chegou a US$ 8.907,00 por TEU na terceira semana deste ano, 348% acima de um ano antes.
Considerada a valorização cambial e o fator logística global, os custos das empresas de agroquímicos, em dólar, já aumentaram ao menos 10%. Algumas matérias-primas se valorizaram 40%, outras 8%, na comparação com igual época do ano passado. Em Real, a alta deve ser de ao menos 40%. O reajuste da cobrança de ICMS no estado de São Paulo, onde estão instaladas aproximadamente 70% das empresas do setor, também preocupa. As empresas estão repassando integralmente as altas dos custos. Apesar disso, a forte demanda internacional por carnes e grãos, combinada com o dólar apreciado no Brasil, tem sustentado os preços da soja e do milho no País e vem estimulando produtores brasileiros a, novamente, antecipar as compras de defensivos, assim como fizeram no ano passado. A relação de troca entre defensivos e grãos, neste ano, está melhor para os produtores do que há um ano, apesar de todo o aumento de custos, ou seja, os produtores precisam entregar quantidade menor de grãos para comprar o mesmo volume de defensivo adquirido há um ano.
Historicamente, cooperativas faziam campanhas de vendas de insumos em abril, maio, e em seguida negociavam a compra com as indústrias. Em 2021, assim como em 2020, como os preços dos grãos estão muito atraentes, muitas indústrias já estão tirando pedidos agora. A estimativa é de que entre 20% a 25% do volume projetado para a safra 2021/2022 tenha sido negociado, o dobro do contabilizado há um ano, e que até o fim de fevereiro o porcentual chegará a 30%. As vendas devem acelerar mais em março e abril. Com a perspectiva de novo incremento de área plantada na temporada 2021/2022, a área tratada com defensivos deve voltar a crescer. Em 2020, a área tratada aumentou 7%, sendo que a área total (plantada) cresceu 2,5% a 3,0%. A expectativa é de que a área total cresça mais que 4%, então a área tratada em 2021/2022 deve aumentar consideravelmente. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.