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14/Jul/2022

Máquinas: MODERFROTA deve esgotar em 2 meses

Sem holofotes no anúncio do Plano Safra 2022/2023, o principal programa governamental de estímulo à aquisição de máquinas agrícolas, o Moderfrota, mais uma vez não terá recursos suficientes nem para a demanda do primeiro semestre desta safra. A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) estima que o dinheiro deva acabar dentro de dois meses, assim como outras fontes de crédito para aquisição de máquinas com taxas mais baixas, como o Fundo Constitucional do Centro-Oeste (FCO). A partir do segundo semestre da safra, o primeiro de 2023, o ritmo das vendas de tratores, colheitadeiras e outros equipamentos pode diminuir, a depender da rentabilidade obtida por produtores e dos juros cobrados pelo mercado. Este ano não vai ser ruim, pois tem um arrasto da carteira de pedidos que ainda serão faturados, mas quando acabar a carteira, em novembro ou dezembro, talvez o mercado fique mais restritivo.

Este é o terceiro ano de vendas excepcionais, mas 2023 vai depender da rentabilidade dos produtores, que depende dos preços das commodities, dos insumos, das safras norte-americana e brasileira e da demanda chinesa. Se 2023 for um ano muito bom de preços de commodities, pode ser razoável em vendas de máquinas agrícolas. O montante definido pelo governo para o Moderfrota na safra 2022/2023, de R$ 10,16 bilhões, é 35% maior do que os R$ 7,53 bilhões anunciados na temporada 2021/2022, mas muito inferior aos R$ 32 bilhões solicitados pela Abimaq ao governo federal. A entidade também pediu mais R$ 11 bilhões somente para financiamento de máquinas agrícolas pelo programa Pronaf Mais Alimentos. A taxa de juros estabelecida para o Moderfrota no ciclo de plantio atual, de 12,5% ao ano com prazo de pagamento de no máximo sete anos, é a mais alta de todo o Plano Safra, ainda que inferior à Selic, atualmente em 13,25% ao ano.

A taxa é alta para o produtor, considerando que é prefixada e ao longo dos sete anos de amortização o cenário de juros pode mudar. A perspectiva é de que a inflação comece a cair entre 2023 e 2024, enquanto o juro estabelecido para o Moderfrota é fixo. Então, o produtor vai ficar pagando sete anos essa taxa. Apesar disso, como as taxas cobradas por bancos em linhas comerciais de longo prazo são ainda mais altas, de até 17%, os R$ 10,16 bilhões do Moderfrota devem se esgotar rapidamente, assim como no ano passado. Em 2021, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou no fim de setembro, somente três meses após o início da safra 2021/2022, a suspensão de novas solicitações de crédito pelo Moderfrota, em virtude do nível de comprometimento de recursos. No segundo semestre de 2022, a perspectiva de oferta de crédito para maquinário agrícola preocupa menos a Abimaq do que o primeiro semestre de 2023 (segundo do ano-safra 2022/2023).

A entidade prevê para o ano um mercado de R$ 90 bilhões, considerando a receita das empresas da Abimaq, crescimento de 9% sobre 2021. Entre janeiro e maio, a indústria faturou 11,5% acima do contabilizado em igual período do ano passado (valor real, descontada a inflação) e 35% mais em termos nominais (em valor de faturamento). Dos R$ 90 bilhões, R$ 80 bilhões correspondem a vendas de máquinas "inteiras" e R$ 10 bilhões, de peças. Metade dos R$ 80 bilhões corresponde a vendas feitas no primeiro semestre. Faltariam ser faturados, portanto, entre julho e dezembro, os outros R$ 40 bilhões em vendas, das quais 70%, ou R$ 28 bilhões, devem precisar de financiamento, seja com taxas subsidiadas ou livres. Outros 30% do valor de vendas, ou R$ 12 bilhões, serão viabilizados com recursos próprios dos produtores. Dentro dos R$ 28 bilhões, algo em torno de R$ 17 bilhões poderão ser financiados com taxas mais baixas, subsidiadas pelo governo, e R$ 11 bilhões a taxas de mercado.

No total dos R$ 17 bilhões estão, além dos R$ 10,16 bilhões do Moderfrota, em torno de R$ 3 bilhões que devem ser reservados pelo governo para o Pronaf Mais Alimentos, previsão que se baseia na média histórica do montante alocado para a linha. O total a ser destinado ao programa ainda não foi divulgado porque o governo dependia da aprovação do Projeto de Lei do Congresso Nacional (PLN) 18, que prevê crédito suplementar de R$ 1,2 bilhão para equalização das taxas de juros de diversas linhas do Plano Safra 2022/2023, o que ocorreu no dia 13 de julho. O texto do PLN aguarda agora sanção presidencial. A Abimaq considera que poderá contar, ainda, com cerca de R$ 3 bilhões para o segmento rural do Fundo Constitucional do Centro-Oeste (FCO), também com taxas mais baixas. Do lado dos recursos com taxas livres, sem subsídio, estão linhas de crédito de bancos privados, do Banco do Brasil e da Caixa, assim como do próprio BNDES, que criou o BNDES Crédito Rural para suprir a escassez de recursos para o segmento. Quando chegar em setembro, se quiser adquirir máquina, o produtor vai ter de tomar recursos do mercado, que custam entre 12,5% e 17% ao ano, dependendo do rating (perfil de crédito do produtor) e da instituição financeira.

Em todo o ano de 2022, o peso dos negócios fechados com caixa dos próprios agricultores também deve girar ao redor de 30% do total de R$ 90 bilhões, ou R$ 27 bilhões. O restante precisará de algum tipo de financiamento. No primeiro semestre do ano que vem, o setor precisa ficar atento, porque não vai ter mais recursos com taxas equalizadas. Talvez tenha algo do Fundo Constitucional do Centro-Oeste (FCO), que só deve ser conhecido em novembro. A falta de crédito com taxas mais baixas não é ruim apenas para a indústria, mas para os produtores, pois as máquinas vão envelhecendo. Quando uma janela atual é ruim (cenário de rentabilidade do produtor e de taxas de juros) não significa que não terá renovação de maquinário, só terá uma renovação menor. No fim de abril, a Abimaq defendeu elevar recursos no Plano Safra 2022/2023, argumentando que 50% das máquinas que estão no campo no Brasil têm mais de 15 anos de idade e que o parque precisa ser modernizado. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.