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24/Ago/2022

Fertilizantes: preço da ureia com tendência de alta

O aumento dos preços do gás natural, principal matéria-prima dos fertilizantes nitrogenados, dos quais a ureia é o mais importante, gerou uma crise de produção desses nutrientes na Europa: o continente tem usado apenas 40% da sua capacidade instalada, de cerca de 11 milhões de toneladas. Gigantes do segmento, como Yara, CF Industries, OCI, SKN e Basf, diminuíram a produção na Europa, o que deve fazer com que os agricultores locais aumentem suas importações de adubos no segundo semestre, um movimento incomum, disputando o insumo com países que tradicionalmente compram fertilizantes nesse período, como Brasil e Índia. O mercado de nitrogenados está atípico e volátil. No Brasil, os preços da ureia têm caído nos portos nos últimos meses, mas eles podem mudar de direção a qualquer momento.

Entre o pico, em abril, e a média da semana encerrada no dia 19 de agosto, o produto recuou 40%, a US$ 592,00 por tonelada (preço no porto). Em comparação com a semana imediatamente anterior, a queda foi de 8%. Devido, sobretudo, à crise na Europa, a consultoria a StoneX projeta aumento de preços de cerca de 10% no curto prazo. As importações brasileiras de ureia devem aumentar a partir do mês que vem, quando os produtores de milho 2ª safra farão as compras do insumo a ser aplicado no primeiro trimestre de 2023. Até agora, por causa do ano atípico no setor de adubos e das turbulências nos mercados futuros de commodities, os agricultores mantiveram-se retraídos. Nos primeiros sete meses deste ano, as importações de ureia somaram 3,8 milhões de toneladas, volume 7% menor do que o do mesmo período de 2021. O Brasil produz nitrogenados, mas importa a maior parte do que consome.

Além disso, ao contrário de potássio e fosfatados, o solo não retém reservas desse nutriente, o que exige compras todos os anos. O consumo de ureia representa cerca de 18% das entregas totais de adubos, que somaram 46 milhões de toneladas no ano passado. O Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) afirma que ainda não é possível saber se os produtores de milho resolveram economizar em algum grupo de nutrientes em 2022/2023. Nessa cultura, o agricultor usa mais nitrogenados e potássio do que fosfatados. Ainda não há uma visão clara se o produtor de milho vai reduzir a compra de algum desses nutrientes por enquanto. Eles ainda estão fazendo compras. Mas, já se sabe que o peso dos nitrogenados nas despesas totais será maior na safra 2022/2023. O Imea projeta que o custo médio com macronutrientes (NPK) na próxima temporada de milho será de R$ 1,8 mil por hectare, montante 63% superior ao do ciclo anterior, quando os custos já haviam subido 62%.

Segundo a StoneX, é muito difícil que ocorra “destruição de demanda” (redução das compras) de nitrogênio, já que isso certamente levaria a uma queda de produtividade. Mas, no Brasil, há uma particularidade: o plantio da 2ª safra ocorre na esteira da colheita de soja, que libera nitrogênio no solo. Com isso, até daria para o agricultor colocar um pouco menos de ureia. Ressalta-se que a necessidade europeia de aumentar suas importações deve ter impacto sobre os preços globais. Atualmente, está inviável produzir nitrogenados na Europa. O custo de produção local é hoje de US$ 1.500,00 por tonelada, o triplo do preço no porto no Brasil. Por outro lado, há um importante fator de pressão sobre as cotações: o aumento da produção do nutriente na Índia. O país, um importante produtor agrícola, é, ao lado do Brasil, um dos maiores compradores desse insumo no segundo semestre. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.