16/Set/2022
A Lavoro, uma das principais distribuidoras de insumos agrícolas da América Latina, e o TPB Acquisition Corporation I, uma empresa de aquisição de propósitos especiais, patrocinada pelo The Production Board, anunciaram nesta quinta-feira (15/09) que firmaram um acordo definitivo de combinação de negócios, que resultará na Lavoro tornando-se uma companhia de capital aberto, listada nos Estados Unidos. Conforme comunicado da Lavoro, a conclusão da transação, prevista para o quarto trimestre de 2022, está sujeita ao cumprimento das condições habituais (incluindo a aprovação dos acionistas do TPB Acquisition Corp.), e espera-se que uma nova entidade de capital aberto dos Estados Unidos seja listada na Nasdaq sob o ticker "LVRO". Após a listagem, a Lavoro se tornará a primeira distribuidora de insumos agrícolas latino-americana listada em uma bolsa norte-americana. "Já geramos um crescimento significativo em relação ao ano anterior e entregamos um valor expressivo aos agricultores. Acreditamos que os próximos passos em nossa jornada terão um impacto positivo ainda maior", disse na nota Ruy Cunha, CEO da Lavoro.
"O TPB compartilha a nossa visão para o futuro da agricultura, como algo sustentável e tecnológico, graças às soluções digitais, genômicas e biológicas emergentes. A expertise de AgTech de classe mundial do TPB, pode aprimorar ainda mais o portfólio de soluções da Lavoro; juntos, podemos expandir a posição de liderança da Companhia na agricultura sustentável." O The Production Board é uma holding de investimentos com sede em São Francisco (EUA), fundada e liderada por David Friedberg, também fundador da The Climate Corporation, adquirida pela Monsanto em 2013. A plataforma principal da The Climate Corporation, a Climate FieldviewTM, continua sendo líder na agronomia digital mundial, utilizada por agricultores em mais de 180 milhões de acres (cerca de 73 milhões de hectares), em 23 países. Com a combinação de negócios proposta com o TPB Acquisition Corp., a Lavoro espera aumentar a participação de mercado, por meio da expansão de revendas, melhorias operacionais contínuas e aquisições adicionais.
Já o TPB espera apoiar a aceleração das ofertas digitais de agronomia e serviços da Lavoro, e atuar como assessor estratégico, por meio da liderança e desenvolvimento de parcerias. Espera-se que o CEO e fundador do TPB, David Friedberg, se torne membro do Conselho de Administração da Lavoro após a conclusão da combinação de negócios proposta. “É raro encontrar um negócio com um perfil financeiro tão forte, escala, crescimento e lucratividade significativos, com tanto espaço para crescer nos próximos anos, ao mesmo tempo que tem o potencial de causar um impacto real na sustentabilidade e segurança alimentar global. Estamos empolgados com o nosso maior investimento até o momento e por fechar uma estreita parceria com a administração e o Conselho de Administração da Lavoro, a fim de impulsionar a criação de valor nos próximos anos”, disse Friedberg. A combinação de negócios proposta avalia a Lavoro após o fechamento em um Enterprise Value inicial implícito de aproximadamente US$ 1,2 bilhão.
Espera-se que a transação resulte em até US$ 225 milhões em caixa líquido para a Lavoro após a conclusão (supondo que não haja resgates), incluindo a contribuição de até US$ 180 milhões mantido na conta fiduciária do TPB Acquisition Corp., e US$ 100 milhões que o TPB pretende investir por meio de uma colocação privada a US$ 10,00 por ação; US$ 30 milhões em recursos secundários para fundos de investimento administrados pelo Grupo Patria, acionistas controladores da Lavoro, e US$ 25 milhões em taxas e despesas de transação esperadas. O Enterprise Value implícito da Lavoro estimado é igual a 7,1x EBITDA Ajustado Proforma no ano calendário de 2022 e 4,4x EBITDA Ajustado Proforma para ano calendário de 2023. A Lavoro planeja usar o recurso líquido para atividades de investimento e iniciativas de crescimento, incluindo: expansão orgânica de sua presença na revenda com novas lojas; aquisições de novas empresas de distribuição e insumos agrícolas adicionais; introdução de novos produtos e serviços tecnológicos sustentáveis; e expansão das operações através da América Latina.
A Lavoro, com sede em São Paulo, foi fundada em 2017 e tem ampla presença geográfica na América Latina, atualmente abrangendo Brasil, Colômbia e Uruguai. Por meio de aquisições de mais de 20 pequenas e médias empresas, a Lavoro tornou-se a maior distribuidora de insumos agrícolas do Brasil, em receita e participação de mercado. A companhia oferece aos agricultores um portfólio abrangente de insumos agrícolas, incluindo sementes, fertilizantes, defensivos, insumos biológicos e outras especialidades. Seus 878 representantes técnicos de vendas, se reúnem com mais de 53 mil clientes em suas fazendas e nas 193 lojas da Lavoro, para os ajudar a planejar e comprar os insumos corretos, além de contribuírem para o gerenciamento de suas operações agrícolas, a fim de otimizar resultados.
A Lavoro pretende levantar em torno de US$ 200 milhões com a abertura de capital na Nasdaq, disse seu CEO, Ruy Cunha, durante coletiva de imprensa. A companhia anunciou que firmou um acordo definitivo com a TPB Acquisition Corporation I, empresa de aquisição de propósitos especiais patrocinada pelo The Production Board, para combinarem seus negócios, o que resultará na abertura de capital da Lavoro na bolsa norte-americana Nasdaq. No comunicado, a Lavoro disse que a The Production Board investirá US$ 100 milhões em uma colocação privada de ações ordinárias, a US$ 10,00 por ação, e que há previsão de alcançar US$ 225 milhões em recursos líquidos para a companhia. "Temos US$ 100 milhões garantidos e outros US$ 100 milhões alinhados com os investidores. A Lavoro, nos últimos quatro anos, desenvolveu um pipeline de M&As bastante robusto e queremos usar parte desse dinheiro para continuar a fazer aquisições no Brasil e na América Latina", disse Costa.
"(O dinheiro) deve ter um uso muito carimbado para aquisições de novas empresas. A maior parte dos US$ 200 milhões deve ajudar nossa agenda de M&As", disse. Os recursos captados na abertura de capital devem contribuir para a continuidade da expansão orgânica, ou seja, abertura de mais lojas na América Latina. Além de Brasil, a empresa tem planos para Chile e Peru, e avalia também investimentos no Paraguai e Equador. A próxima aquisição da empresa, entre o fim deste ano e início de 2023, deve se referir "a alguma coisa fora do País", conforme Costa. A entrada em outros países (a empresa atua hoje no Brasil, na Colômbia e no Uruguai) deve ser acompanhada também de expansão orgânica (abertura de mais lojas) nos novos mercados. A Lavoro prevê abrir cerca de 20 lojas na região, por ano, nos próximos quatro anos. No Brasil, há plano de reforçar a presença da empresa nos três Estados do Sul, mas todas as demais regiões onde a companhia já é atuante (Mato Grosso, Rondônia, Tocantins, Goiás, São Paulo e Minas Gerais) também devem receber novas lojas.
Há expectativa de que, das 20 previstas para a América Latina, de 10 a 15 sejam inauguradas no Brasil a cada ano. Em quatro anos, a previsão é chegar a 300 pontos de venda na região, ante os 193 atuais (153 no Brasil). Outro destino dos recursos levantados pela Lavoro na abertura de capital serão investimentos no aumento da produção de defensivos biológicos e fertilizantes especiais. A Lavoro tem uma fábrica de defensivos biológicos em Itápolis (SP) e pretende expandir também sua atuação dos adubos especiais, inclusive com marcas próprias, de acordo com o CEO da Lavoro. A Lavoro pretende manter o ritmo de aquisições de revendas dos últimos anos, por ao menos um ano, disse há pouco seu CEO, Ruy Costa. "Vamos continuar no ritmo que a gente vem operando; se serão duas, três ou quatro aquisições por ano, isso vai depender um pouco da forma como as negociações serão conduzidas e de fatores que estão fora do nosso controle. Mas, nossa intenção é manter um ritmo de aquisições forte ainda pelo próximo um ano ou dois anos, tranquilamente", afirmou Costa.
A Lavoro deve continuar em busca de empresas de porte médio, em geral com faturamento um pouco abaixo dos R$ 500 milhões anuais, em regiões estratégicas e com liderança aberta a manter bom relacionamento com os controladores. Com expansões orgânicas e inorgânicas (aquisições), a companhia pretende não somente aumentar sua base de clientes, 53 mil na América Latina hoje, majoritariamente pequenos e médios produtores, como também expandir as vendas para os clientes atuais. "É parte da nossa agenda a qualidade de negócios, melhorar o relacionamento com nossos clientes" afirmou. Essa maior penetração, explicou o executivo, deve ocorrer por meio da ampliação da oferta de produtos e serviços, incluindo um marketplace e ações na área de sustentabilidade. "A Lavoro tem investido bastante nesta área, monitoramos desmatamentos e nossa discussão de crédito passa por impactos ambientais. Acreditamos que a empresa ainda tem um capital enorme de crescimento. Isso é o que nos leva a buscar dinheiro para investir."
O setor de revendas e distribuição de insumos agrícolas (sementes, defensivos, fertilizantes e serviços) continua muito fragmentado e com oportunidades de compra, segundo disse o CEO da Lavoro, Ruy Cunha. Apesar do movimento de consolidação em curso no Brasil nos últimos anos, com o surgimento de grandes grupos de distribuição e novos modelos de negócios, o setor brasileiro não chegará, nem em três ou quatro anos, "perto" do modelo norte-americano, em que três ou quatro grupos dominam este mercado, avalia o executivo. Cunha comentou que há expectativa na companhia que as vendas de insumos na safra 2022/2923 cresçam em torno de 20%. "Cada empresa tem sua estratégia, pode ser que Lavoro cresça mais que isso", disse.
A companhia informou que espera atingir US$ 2,3 bilhões em receita "proforma" em 2022, aumento de 63% em relação ao ano calendário 2021. Para 2023, a estimativa de receita proforma é de US$ 3,2 bilhões, o que representaria um incremento de 40% ante 2022. A distribuição de insumos representa, atualmente, cerca de 95% da receita da companhia, segundo Cunha. Ele vê tendência de aumento das vendas por canais digitais, em ritmo mais acelerado do que pelas lojas, acima dos 20% ao ano. Cunha explicou ainda que a decisão de se tornar uma empresa aberta listada em uma bolsa dos Estados Unidos, e não do Brasil, foi uma escolha "natural". "A Lavoro já nasceu para ter atuação na América Latina. Partindo desse princípio, seria natural abrir capital nos Estados Unidos, um mercado que tem uma abrangência grande, faz sentido pelo conceito (de empresa) da Lavoro", afirmou. Fonte: Broadcast Agro.