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06/Out/2022

Fertilizantes: desafios para América Latina e Caribe

Segundo o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), os países da América Latina e do Caribe devem trabalhar juntos em estratégias de médio e longo prazo para reduzir a sua aguda dependência da importação de fertilizantes químicos. A atual crise de disponibilidade e preços de fertilizantes, que gerou graves desequilíbrios neste ano devido ao conflito bélico no Leste Europeu, mas que já se tinha manifestado em 2021, tem dado maior visibilidade a um tema que acarreta grave ameaça à segurança alimentar e à sustentabilidade ambiental da agricultura na região. A questão foi debatida em um seminário na sede central do IICA, em São José da Costa Rica. O propósito da atividade foi analisar o impacto da crise global dos fertilizantes e do seu custo para os Estados sobre consumidores e agricultores da América. Também foram analisados e avaliados possíveis caminhos para os países da região frente aos desafios colocados pelos cenários futuros.

Foi apresentado um trabalho de pesquisa encarregado pelo organismo de desenvolvimento agrícola. Consistiu na elaboração de uma metodologia, simples e aplicável de imediato nos países da região, que permite analisar possíveis efeitos de medidas alternativas ou complementares para atenuar as condições vigentes nos preços de importação dos fertilizantes e a sua repercussão nos principais atores do sistema agroalimentar. Foi disponibilizado, para fins de intercâmbio de conhecimentos sobre a questão, o Observatório de Políticas Públicas para os Sistemas Agroalimentares (OPSAa), uma ferramenta digital que o Instituto criou neste ano para ajudar os países a transitar por esse período de instabilidade. Os fertilizantes são o ponto mais vulnerável da agricultura do continente. Esse tema aflorou para todos os países da região e do mundo, que precisam responder às demandas de uma produção mais sustentável e enfrentam aumentos nos custos de produção. A situação é muito grave.

O mercado dos fertilizantes tem uma oferta muito concentrada, em que os centros de produção em geral estão longe da América Latina e do Caribe, situação agravada devido aos custos de transporte e energia. O IICA vem realizando diversas ações para abordar o problema dos fertilizantes e busca levar aos ministros da agricultura de seus países membros informações concretas e claras sobre qual é o impacto da crise e quais são os cenários alternativos. O Banco Mundial indicou que o trabalho realizado pelo IICA agrega valor e conhecimento à discussão sobre o mercado de fertilizantes e o impacto da volatilidade de preços na segurança alimentar. A pesquisa sobre os fertilizantes sempre esteve muito relacionada ao impacto dos subsídios, mas não ao mercado em si. O Banco Mundial está monitorando o mercado de fertilizantes na região. Faltam informações e, na América Central, por exemplo, é grande a diferença de preços dentro dos próprios países.

Em 2021, já se viam aumentos nos preços dos fertilizantes, mas os valores dispararam a partir de fevereiro com a invasão russa da Ucrânia. Em seguida, desde julho, a Rússia e a Ucrânia chegaram a um acordo para reiniciar as exportações e os preços têm recuado. O maior desafio é a disponibilidade de ureia para cultivos como arroz e cana-de-açúcar, uma vez que em outros casos os agricultores tiveram menos obstáculos para encontrar soluções. É importante que os governos disponham de ferramentas idôneas para elaborar e executar políticas públicas e à necessidade de se pensar em uma estratégia de longo prazo para fertilizantes na América Latina e no Caribe. Foi enfatizado que é crescente interesse despertado pelos bioinsumos na região. Os países estão tentando fomentar o uso desses produtos, que não pretendem substituir o pacote tecnológico atual, mas complementá-lo, para aumentar a eficiência e a sustentabilidade ambiental da agricultura. Fonte: IICA. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.