17/Out/2022
A Petrobras admitiu que reduziu os preços dos combustíveis em velocidade maior do que a agora considerada para aumentos a fim de acompanhar os preços de paridade de importação (PPI). A demora recente em repassar a alta dos preços internacionais do diesel e da gasolina ao mercado segue dentro dos limites da política de preços da companhia adotada desde 2016. A Petrobras passar mais amiúde a redução e demorar um pouco mais para passar a subida, acaba beneficiando a sociedade brasileira. A companhia é conduzida respeitando parâmetros de mercado, para não causar dificuldades à importação nem prejuízos à empresa, que tem capital aberto. Na prática, tem havido critérios diferentes para reajustar os preços para cima ou para baixo, mas ambos os movimentos ainda acontecem dentro de um limite estabelecido pela governança da companhia.
No contexto eleitoral, a Petrobras aproveitou a queda dos preços para praticar reduções semanais no diesel ou na gasolina em suas refinarias, mas, agora, não faz o movimento contrário para acompanhar o movimento de alta do preço de paridade. Analistas e agentes de mercado enxergam nesse comportamento um claro exercício da pressão política sobre a companhia há pouco mais de duas semanas do segundo turno das eleições presidenciais. Ninguém acredita que a companhia aumente os preços até lá, embora considere que seria importante aceno ao mercado, sobretudo de diesel. Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a defasagem do diesel no mercado interno disparou a 16% em relação ao mercado internacional.
Para alinhar o preço praticado nas refinarias brasileiras, o aumento do combustível deveria ser, portanto, de R$ 0,97 por litro. Já o preço da gasolina está com defasagem de 12% e deveria ser aumentada em R$ 0,43 por litro para atingir a paridade com o mercado internacional. A demanda por diesel no mundo vem sendo pressionada pelo início do tempo frio no Hemisfério Norte e deve se agravar no final do ano. O Brasil é afetado pelo movimento por importar até um terço do diesel que consome. No caso da gasolina, o contexto internacional é mais favorável, com reposição de estoques. Mesmo assim, na prática, o Brasil é pouco afetado por importar, no pior dos casos, até 5% do volume consumido no País. A Petrobras minimizou os cálculos da Abicom, ao dizer que parte de outras premissas. Volume e escala contam muito.
A Abicom tem sua própria visão de defasagem e a Petrobras tem visão distinta porque a escala é distinta. A companhia afirma que acompanha a dinâmica de defasagem de seus preços na comparação com o PPI e na média, está muito próxima ao valor de mercado. A Petrobras informa de maneira protocolar nos comunicados de reajuste de preços. No curtíssimo prazo, a Petrobras não repassa volatilidade do preço internacional. A empresa tem reajustado preços com mais cadência. Os preços do setor sofrem com uma volatilidade grande dentro de um mesmo dia. O petróleo sobe 5% num dia e no outro cai 6%. Se pegar uma janela de tempo muito curta, é possível ver essa variação. De meados de 2016 para cá, a companhia vem seguindo o que entende por paridade de preço de importação. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.