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31/Out/2022

Combustíveis: Petrobras nega que haja defasagem

Na contramão de importadores de combustíveis e consultorias do setor, a Petrobras sustenta que seus preços para gasolina e diesel estão em linha com o mercado internacional. A diferença se deve a diferentes metodologias adotadas pela estatal e pelos demais agentes e especialistas. Na avaliação da Petrobras, os preços dos combustíveis estiveram desalinhados recentemente, mas, no momento, não registrariam defasagem em relação ao mercado internacional. Nas contas da área técnica da estatal, a gasolina está alinhada e, o diesel, praticamente zerado. A Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom) afirmou ter recebido com "surpresa" o diagnóstico dos técnicos da Petrobras.

No dia 26 de outubro, a Abicom calculava defasagem de 16% tanto para a gasolina quanto para o diesel ante a paridade de importação. Ao observar algumas semanas atrás, percebe-se que a Petrobras trabalhava com o preço acima da paridade e, naquele momento, reduziu preços. A diferença agora causa desconfiança. Os parâmetros da Abicom estavam alinhados com os da Petrobras para a baixa de preços e, agora, estranhamente, sob pressão de alta, o mesmo não acontece. Segundo a Ativa Investimentos, a Petrobras vende combustíveis abaixo do PPI, mas há diferenças entre as metodologias. A Petrobras não abre a sua fórmula da defasagem, mas faz as contas do PPI considerando a média dos últimos 12 meses. Por se tratar de média, já tem, no final, um parâmetro suavizado.

Relatório do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) indica que a gasolina da Petrobras tem sido vendida abaixo do preço de importação há seis semanas e, no caso do diesel, desde o início de outubro. No dia 26 de outubro, a defasagem da gasolina era de 18,56% e seria necessário aumento de R$ 0,75 por litro nas refinarias para a paridade internacional. Para o diesel, a defasagem estava em 19,31% (R$ 1,17 por litro). Em meados de setembro, os preços dos combustíveis no mercado internacional voltaram a subir na esteira da cotação do barril de petróleo. Mesmo assim, a Petrobras ainda não reajustou o valor de seus produtos nas refinarias.

O País importa entre 20% e 30% do volume de diesel que consome. Ao praticar preços abaixo da paridade internacional, a Petrobras desestimula a atuação de importadores e aumenta o consumo de estoques. Recentemente, o diretor de exploração e produção da estatal afirmou que a companhia baixou preços em velocidade maior do que a considerada agora para eventuais aumentos, o que "beneficia a sociedade". A declaração foi vista por agentes de mercado como uma confissão da pressão política exercida pelo governo do presidente Jair Bolsonaro para que a empresa não aumentasse seus preços até o fim das eleições.

Desde 2016, a Petrobras segue a política de preço de paridade internacional (PPI) e ajusta o preço dos combustíveis vendidos em suas refinarias ao preço de importação. Para tanto, considera fatores como valores praticados no exterior, principalmente no Golfo do México (EUA), frete e câmbio. Quando a política do PPI foi adotada, os preços eram atualizados diariamente, o que foi alvo de reclamações como o fim da previsibilidade para contratos na ponta da cadeia, como o frete de caminhoneiros. Nos anos seguintes, os reajustes passaram a ser cada vez mais espaçados e, sobretudo neste ano, sob pressão do governo federal.

O fato é que, com os preços ainda congelados pela Petrobras, a defasagem de preços e relação ao mercado internacional registrou, no fechamento de quinta-feira, (27/10), preços 20% menores para o diesel e de 18% para a gasolina no mercado brasileiro. A estatal está há 56 dias sem alterar o preço da gasolina e há 38 dias sem reajustar o diesel. Especialistas preveem que após a eleição presidencial os preços devem subir, o que é negado pela Petrobras. Com os preços atuais, os pequenos importadores associados da Abicom não têm condições de trazer os combustíveis de fora pela falta de competitividade. Para alinhar os preços com o mercado internacional, as refinarias brasileiras deveriam elevar, em média, a gasolina em R$ 0,75 por litro e o diesel em R$ 1,25 por litro.

Na Bahia, onde funciona a única refinaria de grande porte privada do País, vendida pela Petrobras no ano passado, as defasagens são menores. A diferença de preços no mercado da Bahia é de 13% no caso do diesel e de 8% na gasolina. Principalmente o preço do diesel tem sido pressionado no mercado externo por conta do início do inverno no Hemisfério Norte, que se soma à queda de oferta por causa da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Mas, a gasolina também tem seguido uma tendência altista pelo aumento de consumo nos Estados Unidos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.