08/Nov/2022
Segundo a Crop Care, empresa da holding Lavoro que trabalha com fertilizantes especiais e bioinsumos, assim como o setor de macrofertilizantes (nitrogênio, fósforo e potássio), o setor de fertilizantes especiais, que privilegia o uso de micronutrientes, também sofreu efeitos da pandemia, sobretudo em relação aos insumos que dependem de importação. Com a quebra da logística de importação, primeiramente por causa da pandemia de Covid-19 e, em seguida, por causa da guerra na Ucrânia, a parte dos micronutrientes que depende de insumos importados também sofreu com problemas de fluxo global de mercadorias. Entretanto, os fertilizantes especiais dependem de uma parcela mínima de insumos importados, diferentemente dos macronutrientes utilizados pela agricultura em larga escala, feita à base de fertilizantes formulados com nitrogênio, fósforo e potássio. Assim, a parte que dependia de insumos internos conseguiu maior flexibilidade na obtenção dos insumos.
Com o explosivo aumento de custos dos fertilizantes NPK, os fertilizantes especiais foram uma alternativa muito importante para o agricultor, dado que fertilizantes de base (NPK) atrasaram a entrega. Com isso, houve um aumento exponencial na adoção de fertilizantes especiais, seja por falta do fertilizante comum ou por causa do aumento de preços. É destaque o crescimento do setor de bioinsumos, por exemplo, defensivos biológicos, à base de fungos e insetos. Tudo o que está relacionado à Covid-19 e a impactos da guerra na Ucrânia de certa forma acelerou a adoção de biotecnologia no Brasil. Hoje, há mais de 500 produtos biológicos registrados no Ministério da Agricultura. Tudo isso puxado por grandes culturas. Há defensivos biológicos que funcionam tão bem quanto agroquímicos e que passaram a ser usados em larga escala. A Crop Care, por exemplo, teve de dobrar a capacidade de produção no último ano para atender à demanda. Em relação à aquisição de matérias-primas para produção de bioinsumos, não houve problemas com matérias-primas. A consolidação da cadeia de bioinsumos no Brasil está apenas começando. Há duas perspectivas para o setor.
Surgirão mais empresas de bioinsumos no Brasil porque a adoção dos bioinsumos pelos produtores cresce. Há também um viés de fusões e aquisições (M&A) local e de multinacionais. O processo de consolidação em bioinsumos está só no começo. Sobre o crescimento do setor, hoje três em cada dez produtores de soja utilizam bioinsumos na produção, o que deve aumentar para cinco em cada dez em curto espaço de tempo. Outro movimento que surge na cadeia é a entrada, cada vez mais frequente, das empresas de agroquímicos e fertilizantes na criação de plataformas de bioinsumos. Com as margens espremidas dos insumos tradicionais, é natural esse movimento, seja por greenfield (investimento próprio) ou por M&A. Esse processo só não é mais rápido por agenda de regularização, com o tempo de aprovação dos produtos variando de dois a cinco anos. A Crop Care está investindo R$ 100 milhões nos próximos dois anos no desenvolvimento de novos bioinsumos. Boa parte dos lançamentos ocorrerá nos próximos anos e estará disponível de forma segmentada, e não todos juntos, pela agenda de regularização. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.